sábado, 25 de junho de 2011

Discurso da Difamação do Poeta - 8 e 9 - Affonso Ávila




DISCURSO DA DIFAMAÇÃO DO POETA / 1978                  Affonso Ávila

                                 Speech of the Defamation of the Poet



8/ OBSEQUIOUS PARNASE

The poet refused the invitation of the governor to dine in his palace
with the minister

The poet was invited by the governor to dine in his palace
with the minister

The poet invited by the governor was to dine in his palace with
the minister

The poet had dinned in the palace with the governor and the minister

The poet is accustomed to dine in the palace with the governor and
his guests

The poet have dinner always in the palace with the governor and his guests

The poet having dinner in the palace pleases the governor and his guests

The poet pleases the governor and his guests in the dinners of the palace

The poet amuses the governor and his guests

The poet makes laugh the governor and his guests

THE POET IS A CLOWN OF THE SYSTEM



trad. Leonardo de Magalhaens



8 / PARNASO OBSEQUIOSO

O poeta recusou convite do governador para jantar em seu palácio
com o ministro

O poeta foi convidado pelo governador para jantar em seu palácio
com o ministro

O poeta convidado pelo governador foi jantar em seu palácio com
o ministro

O poeta jantou no palácio com o governador e o ministro

O poeta costuma jantar no palácio com o governador e seus convidados

O poeta janta sempre no palácio com o governador e seus convidados

O poeta jantando no palácio causa prazer ao governador e seus
convidados

O poeta alegra o governador e seus convidados nos jantares do palácio

O poeta diverte o governador e seus convidados

O poeta faz rir o governador e seus convidados

O POETA É UM BOBO-DA-CORTE DO SISTEMA



 ...




9/ PSYCHOLOGY OF THE COMPOSITION


The poet articulates slowly the words and we feel seemingly between
one and another a long hiatus of meditation and silence

The poet articulates slowly the words and we feel between one
and another a long hiatus of salivation and silence

The poet searches slowly the words and we feel between one and another
a long hiatus of salivation

The poet speaks with difficulty seemingly masticating and salivating the words

The poet speaks with much difficulty and the mouth full of saliva

The poet knows not to speak and masticates jocosily the words

The poet chews the words as if he grinded chewing-gum

THE POET IS A RUMINANT OF WORDS



trad. Leonardo de Magalhaens



9/ PSICOLOGIA DA COMPOSIÇÃO


O poeta articula lentamente as palavras e a gente parece perceber entre
uma e outra longos espaços de reflexão e silêncio

O poeta articula lentamente as palavras e a gente percebe entre uma e
outra longos espaços de salivação e silêncio

O poeta procura lentamente as palavras e a gente percebe entre uma e
outra longos espaços de salivação

O poeta fala com dificuldade parecendo mastigar e salivar as palavras

O poeta fala com muita dificuldade e a boca cheia de saliva

O poeta não sabe falar e mastiga jocosamente as palavras

O poeta masca as palavras como se mascasse chicletes

O POETA É UM RUMINANTE DE PALAVRAS




In: Discurso da Difamação do Poeta / 1978




Mais sobre Affonso Ávila




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LdeM

http://meucanoneocidental.blogspot.com/

domingo, 19 de junho de 2011

... mais Difamações contra o Poeta (5 , 6 e 7)




Speech of the Defamation of the Poet
                       Discurso da Difamação do Poeta 



5/ HAD WE BUT WORLD ENOUGH, AND TIME


The poet greeted the red-haired young lady and he went to the
building in front

The poet greeted the red-haired young lady and he entered in the
building in front

The poet talked to the red-haired young lady and he entered in the
building in front

The poet met the red-haired ypung lady and he went on with her
to the building in front

The poet met the red-haired young lady and he entered with her in the
building in front

The poet met the red-haired young lady, they talked and they entered together
in the building in front

The poet embraced the red-haired and they entered together in the
building in front

The poet entered in the building embraced the red-haired young lady

The poet and a red-haired woman entered together embraced in the
building

The poet and the red-haired woman entered together in the
suspected building

The poet and the red-haired woman frequent a suspected house

THE MUSE OF THE POET IS HIS RED-HAIRED LOVER



trad. LdeM



5/ HAD WE BUT WORLD ENOUGH, AND TIME


O poeta cumprimentou a moça ruiva e dirigiu-se para o edifício em
frente

O poeta cumprimentou a moça ruiva e entrou no edifício em frente

O poeta conversou com a moça ruiva e entrou no edifício em frente

O poeta encontrou-se com a moça ruiva e se dirigiu com ela para o
edifício em frente

O poeta encontrou a moça ruiva e entrou com ela no edifício em frente

O poeta encontrou a moça ruiva conversaram e entraram no edifício
em frente

O poeta abraçou a moça ruiva e entraram no edifício em frente

O poeta entrou no edifício abraçado com a moça ruiva

O poeta e uma mulher ruiva entraram abraçados no edifício

O poeta e a mulher ruiva entraram junto no edifício suspeito

O poeta e a mulher ruiva frequentam uma asa suspeita

A MUSA DO POETA É A SUA AMANTE RUIVA

...


6/ V INTERNACIONAL

The poet is seen every Saturday in the bar with a group of youngmen
among them a black and a bearded

The poet is seen every Saturday in the bar with a group of youngmen
they are black and bearded

The poet is seen every Saturday in the bar with a group of bearded
youngmen

The poet is seen in the bar with a group of bearded youngmen

The poet is seen in the bar with a group of bearded men

The poet is seen with a group of bearded men

The poet is seen with any strange bearded men

The poet is seen with any suspected bearded men

The poet is seen with any suspected men

The poet is a suspected man

The poet is suspected man

THE POET IS A TERRORIST MAN



trad. LdeM



6/ V INTERNACIONAL


O poeta é visto todos os sábados no bar com um grupo de jovens dentre
eles um negro e um barbado

O poeta é visto todos os sábados no bar com um grupo de jovens
negros e barbados

O poeta é visto todos os sábados no bar com um grupo de jovens
barbados

O poeta é visto no bar com um grupo de jovens barbados

O poeta é visto no bar com um grupo de barbados

O poeta é visto com um grupo de barbados

O poeta é visto com uns barbados estranhos

O poeta é visto com uns barbados suspeitos

O poeta é visto com uns suspeitos

O poeta é um suspeito

O poeta é suspeito

O POETA É UM TERRORISTA


 ...


7/ LE BATEAU IVRE

(The Drunken Boat)

The long-haired youngmen on the street where the poet lives
they are famed by smoking hemp

The long-haired youngmen on the street where the poet lives
they smoke hemp

The long-haired youngmen smoke hemp on the street of the poet

The long-haired youngmen smoke hemp in the house of the poet

The long-haired youngmen smoke hemp in his house with the poet

The long-haired youngmen take hemp in the house of the poet

The long-haired youngmen take drugs in the house of the poet

The youngmen went out drugged from the house of the poet

The youngmen are drugged by the poet

THE POET IS A DRUG TRAFFICKER



trad. LdeM



7/ LE BATEAU IVRE


Os jovens cabeludos da rua onde mora o poeta têm fama de fumar
maconha

Os jovens cabeludos da rua onde mora o poeta fumam maconha

Os jovens cabeludos fumam maconha na rua do poeta

Os jovens cabeludos fumam maconha na casa do poeta

Os jovens cabeludos fumam maconha em sua casa com o poeta

Os jovens cabeludos buscam maconha na casa do poeta

Os jovens cabeludos buscam drogas na casa do poeta

Os jovens saem drogados da casa do poeta

Os jovens são drogados pelo poeta

O POETA É UM TRAFICANTE DE DROGAS



seleção/ tradução: Leonardo de Magalhaens

http://leoleituraescrita.blogspot.com/

http://meucanoneocidental.blogspot.com/


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terça-feira, 14 de junho de 2011

Speech of the Defamation of the Poet ( 3 e 4)



3/ THE LOVER TRANSFORMS INTO THE LOVED THING


When fell the navel of the poet his mother buried it near the rosebushes
in order to the boy could like the maids

As soon as fell the navel of the poet his mother saw the boy near the
rosebushes he was seeing the maids

When the poet was still a boy his mother saw him among the rosebushes
he was seeing the navel of the maids

when the poet was still a boy he was seen among the rosebushes with
his hand in the navel of the maids

When the boy passed among the rosebushes he saw the poet with
the hand in the navel of the maid

When the boy saw himself among the rosebushes soon he touched his hand
in the navel of the maid

The poet touched his hand in the navel of all maids he sees

The poet lives on mad for navel of woman

THE POET IS ATTACHED TO THE NAVEL OF THE WOMAN



trad. LdeM



3/ TRANSFORMA-SE O AMADOR NA COISA AMADA


Quando o umbigo do poeta caiu sua mãe o enterrou junto às
roseiras para que o menino gostasse das moças

Quando mal tinha caído o umbigo do poeta sua mãe viu o menino
junto às roseiras olhando para as moças

Quando o poeta ainda era menino sua mãe o viu entre as roseiras
olhando para o umbigo das moças

Quando o poeta ainda era menino foi visto entre as roseiras com a
mão no umbigo das moças

Quando o menino passou entre as roseiras viu o poeta com a mão no
umbigo da moça

Quando o poeta se viu entre as roseiras passou logo a mão no umbigo
da moça

O poeta passa a mão no umbigo de toda moça que vê

O poeta vive obcecado por umbigo de mulher

O POETA ESTÁ PRESO AO UMBIGO DA MULHER


...



4/ HYPERIONS SCHICKSALSLIED

(Hyperion's Song of Fate)

The poet when he was a young boy he was beaten by a neurotic crisis
he need submitted himself to shock-therapy in a special clinic

The poet when he was a young boy he was beaten by a neurotic crisis
he need submitted himself to shock-therapy in a health house

The poet was beaten by a neurosis and he need submitted himself
to schock-therapy in a health house

The poet is beaten by neurosis and he need indeed to suffer electric schocks
in a health house

The poet is neurotic and he need indeed interned himself in a health house

The poet has mental disarray and he was indeed patient in a hospital

The poet is schizophrenic person and he often is removed to the mental home

The poet is maniac-depressive person

THE POET IS A MENTALLY ILL PERSON



trad. LdeM



4/ HYPERIONS SCHICKSALSLIED


O poeta quando jovem sofreu uma crise neurótica tendo de submeter-se
a tratamento de choque numa clínica especializada

O poeta quando jovem sofreu uma crise neurótica tendo de submeter-se
a tratamento de choque elétrico numa casa de saúde

O poeta sofreu de neurose e teve de submeter-se a tratamento de choque
elétrico numa casa de saúde

O poeta sofre de neurose e já teve de tomar choque elétrico numa casa
de saúde

O poeta é neurótico e já teve de internar-se numa casa de saúde

O poeta tem problemas mentais e já foi internado em hospital

O poeta é esquizofrênico e frequentemente é recolhido ao hospício

O poeta é maníaco-depressivo

O POETA É UM DESEQUILIBRADO MENTAL




Leonardo de Magalhaens

http://meucanoneocidental.blogspot.com/

sábado, 11 de junho de 2011

Speech of the Defamation of the Poet (1 e 2)




DISCURSO DA DIFAMAÇÃO DO POETA / 1978                 
                   Speech of the Defamation of the Poet



1/ THE WASTE LAND


The poet was born in a small house of a ground of small farm
in the old suburb of Calafate

The poet was born in the old small house of a ground in Calafate

The poet was born in the small house of a ground in Calafate

The poet was born in a ground of Calafate

The poet was born in a bare ground in Calafate

The poet was born in a empty plot in Calafate

The poet was born in a empty plot

THE POET WAS ABANDONED IN A EMPTY GROUND



trad. Leonardo de Magalhaens



1/ THE WASTE LAND

O poeta nasceu no barracão de um terreno de chácara no velho bairro
do Calafate

O poeta nasceu no barracão velho de um terreno no Calafate

O poeta nasceu no barracão de um terreno no Calafate

O poeta nasceu num terreno no Calafate

O poeta nasceu num terreno baldio no Calafate

O poeta nasceu num lote vazio no Calafate

O poeta nasceu num lote vazio

O POETA FOI ABANDONADO NUM TERRENO VAZIO


 ...




2/ CASTILLO INTERIOR


In Lent the poet covers with purple paper the paintings of saints
in his house's walls and mother thought send him
to the seminary when he had grown

In Lent the poet covers with purple paper the paintings of saints
while his mother prepared herself to send him to the seminary

In Lent the poet gathered together the purple clothes while his mother had
prepared his suitcase to the seminary

In Lent the poet dressed in purple had come with his suitcase
in the seminary

In Lent the poet with his purple clothes spoke the first Mass in the seminary

In Lent the poet purple with anger mystified in the seminary

THE POET IS AN APOSTATE PRIEST



trad. Leonardo de Magalhaens



2/ CASTILLO INTERIOR

Na quaresma o poeta recobria de papel roxo os quadros de santos nas
paredes de sua casa e mãe pensava mandá-lo para o seminário
quando crescesse

Na quaresma o poeta recobria de papel roxo os quadros de santos
enquanto a mãe se preparava para mandá-lo para o seminário

Na quaresma o poeta reunia os panos roxos enquanto a mãe arrumava
sua mala para o seminário

Na quaresma o poeta vestido de roxo chegava com sua mala ao seminário

Na quaresma o poeta com sua veste roxa dizia a primeira missa no
seminário

Na quaresma o poeta roxo de raiva mistificava no seminário

O POETA É UM PADRE APÓSTATA




Affonso Ávila




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LdeM

sábado, 4 de junho de 2011

Pense / Denke - de Ludwig Rubiner



Pense


A noite na alva prisão é pérola-lunar e altiva,
Esqueletos de brilho-bronze cruzam diante das clarabóias
no futuro,
O chefe está deitado sobre um colchão duro,
Um olho-espião espreita sorrateiro através do postigo da
lustrosa porta-de-aço.
Está deitado tão quieto que o sangue através dos membros flui e reflui,
A torre da cabeça cobre-se de marrom e sobe e desce com pressa
pelos guardas.
Abaixo das cisternas da boca jaz a aridez.
Lá fora os campos escurecidos esperam longe das fogueiras.
Ó boca, logo sobrenadam turbas armadas iguais a ondas enegrecidas,
Cabeça marrom, você as arremessa estalante terra afora,
Ó brilho dos olhos, que encontra a mira no fogo que queima.
Ó cúpula, de onde estão suspensas as novas casas da terra,
envoltas umas nas outras, inumeráveis, e colunas-de-figuras,
bosques, línguas,
Você, cabeça-de-cristal !


Apenas repousa em silêncio sobre um cubo branco da cela sobre a
borda do colchão noite adentro,
Os dedos sorrateiros de lado iguais na cova cedo de manhã.
Mas seu pulsar bate bem menos através das tubulações na parede da
fortaleza,
Os guardas sussurram – o que é proibido – aos prisioneiros.
Seu olho irmão circula olhando como se fosse pedra rolante através vigiadas celas.
Pense através dos cérebros de todos os prisioneiros, lá fora até aos guardas,
acima dos pátios, lá fora até as ruas!
A pedra deixada sobre você, ela inchava.
Seu cabelo é a plataforma dos guardas sem-sono,
Os muros de pedra em seu sangue inspiram e expiram com seu tremor,
As janelas gradeadas lá no alto da casa são escuras ao seu olhar.
Durante milênios a fortaleza é a sua imagem em outros países,
seu nome flutua em chamas no céu, acima de sua imensa cabeça-de-pedra.


Chefe, não durma esta noite. Apenas durante esta noite
pense!




Trad. Leonardo de Magalhaens






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Denke

Die Nacht im weißen Gefängnis ist mondperl und hoch,
Glanzbraune Gerüste kreuzen vor der Luke in die Zukunft,
Der Führer liegt auf der wulstigen Pritsche,
Ein Spitzelauge haarig schmal witzte durch das Guckloch der glatten Eisentür.
Er liegt ganz still, daß das Blut durch die graden Glieder fließt und zurückschießt,
Der Turm braun bewachsen des Haupts wird auf und herab bestiegen eilends von Wachen.
Tief unten der Wassergraben des Munds liegt in Dürre.
Draußen warten die dunklen bewegten Felder auf den Feuerschein.
O Mund, bald schwimmen bewaffnete Haufen wie schwarze Wellen hervor,
Braunes Haupt, du schleuderst sie krachend weit ins Land,
O Schein des Auges, der das Ziel im Brandfeuer trifft.
O Kuppel, darin die neuen Häuser der Erde schweben, flach ineinandergehüllt, zahllos, und Bildsäulen, Wälder, Sprachen,
Du kristallenes Haupt!

Liegst nun schweigend im weißen Würfel der Zelle auf nächtigem Pritschenrand,
Die Finger schmal zu den Seiten wie morgen im Grab.
Aber dein Pulsschlag klopft schon sacht durch die Mauerröhren der Burg,
Die Wärter flüstern verboten den Gefangenen zu.
Dein Bruderauge kreist schauend wie bewegter Stein durch die wachenden Zellen hin.
Denke du durch alle Gefangenenhirne, hinaus zu den Wachen, über die Höfe, hinaus in die Straßen!
Der Stein über dir aufgetrieben, schwillt.
Dein Haar ist die Plattform der schlaflosen Wachen,
Die Steinmauern in deinem Blut atmen auf und ab von deinem Beben,
Die Gitterfenster rund hoch um das Haus sind dunkel aus deinem Blick.
In Jahrtausenden ist die Burg dein Abbild weit in die Länder hin, dein Name schwebt feuergroß auf dem Himmel, über deinem riesenhohen Steinkopf.

Führer, schlafe heute nacht nicht. Nur diese Nacht denke noch!








Ludwig Rubiner

mais info em



LdeM