sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O poeta na cidade - Mário de Andrade






O olhar do poeta nas ruas da cidade -
poemas de Mário de Andrade 
em Pauliceia Desvairada  [1922]
e Noturno de Belo Horizonte [1924; 1927] 


            A cidade tem presença marcante na lírica modernista que entrou em cena após o fim da Primeira Guerra Mundial, em compasso com as vanguardas europeias (futurismo, cubismo, surrealismo, dadaísmo), para expressar um novo olhar sobre o mundo. Nada de bucolismos, mas um registro discursivo, vertiginoso, angustiado, complexo, até exagerado, em suma, um desabafo finalmente liberto sobre as vidas oprimidas nas cidades.

            O poeta adentra as ruas da cidade tal um flâneur ao estilo parisiense, tão presente na poética de Charles Baudelaire (1821-1867) e na crítica de Walter Benjamin (1892-1940), como uma figura de expressivo observador, dentro e fora, atento e disperso sobre um meio geográfico que, aos demais cidadãos, parece comum e ordinário. O olhar do flâneur é diferente, bem diferente, posto que incomodado com detalhes, disposto a registrar movimentos e gestos, que aos demais passariam desapercebidos. Assim como fazia Baudelaire na capital francesa, ou João do Rio na capital brasileira, o flâneur tem tempo para caminhar, alheio às ordens de progresso, de trabalho estressante. Ao contrário, olhar sobre o livre fluir da cidade é seu único esforço.

A rua se torna moradia para o flâneur que, entre as fachadas dos prédios, sente-se em casa tanto quanto o burguês entre suas quatro paredes. Para ele, os letreiros esmaltados e brilhantes das firmas são um adorno de parede tão bom ou melhor que a pintura a óleo no salão do burguês; muros são a escrivaninha onde apoia o bloco de apontamentos; bancas de jornais são suas bibliotecas; e os terraços dos cafés, as sacadas de onde, após o trabalho, observa o ambiente. (BENJAMIN, 1994:35)


            O flâneur é uma personalidade que se recusa a seguir uma vida normatizada, controlada, de fetichismo e massificação. Ele/ela está aberto/a às novas sensações, aos estímulos da selva urbana em crescimento. Sempre em movimento, sempre absorvendo e criticando, sempre no seio das multidões. “O flâneur é um abandonado na multidão.” (1994: 51) Meio à miríade de estímulos, na promiscuidade das ruas e das lojas, das galerias, das passagens, dos cinemas, o flâneur percorre um itinerário de sensações e deixa registrado em poemas, em crônicas, em pinturas.

            Aqui trataremos de poemas, peças líricas do poeta e literato paulista Mário de Andrade (1893-1945), grande voz do Modernismo brasileiro em sua primeira fase. Em sua visão lírica da tumultuada Pauliceia aparece São Paulo em pleno crescimento demográfico, econômico, cultural, repleta de oportunidades e segregações, de celebridades e crimes. Mário de Andrade passeia liricamente se atordoando pelo labirinto urbano, daí a quantidade de referências às ruas, praças, bairros, outros logradouros, além de lojas, monumentos e prédios públicos, tais como destacamos alguns: rua Lopes Chaves (em Barra Funda, São Paulo), onde residia o poeta; rua Barão de Itapetininga (região da República, São Paulo); fala sobre o rio Tietê, a Ponte das Bandeiras, além de Trianon , Cine Colombo,  rua de São Bento, Clube Comercial , Padaria Espiritual , rua Marechal Deodoro, Padaria Suissa, Jardim América, Teatro Central, Parque do Anhangabaú, Mooca, Casa Kosmos, Largo do Arouche, Higienópolis, Igreja de Santa Ifigênia,

É vasta a rede de referências, que são possíveis de serem resgatadas com um bom mapa da São Paulo dos anos 1920, ou fotos de época. (Tal como é possível resgatar Belo Horizonte dos anos 1920 nas memórias de Pedro Nava (1903-1984) Adentraremos a Pauliceia tresloucada dos registros líricos entre o expressionismo e o surrealismo, numa série de recortes da vida urbana, com suas contradições e delírios, no meio do asfalto e do concreto. Sobre este jogo de impressões e sensações, em plena dissonância, temos a visão do crítico João Luiz Lafetá, em seu ensaio “A representação do sujeito lírico na Pauliceia desvairada”),

Talvez seja este o grande problema de linguagem da Pauliceia Desvairada: equilibrar a notação objetiva dos aspectos da cidade moderna com o tumulto de sensações do homem moderno, no meio da multidão. (LAFETÁ, 2004: 357)

O mesmo movimento, que perturba a cristalização do lirismo, cria nos poemas uma dissonância que é índice das dissonâncias da vida moderna. O lirismo difícil e incompleto representa as dificuldades e incompletudes do sujeito lírico na modernidade incipiente. (LAFETÁ, 2004:358)


O poeta atua como um flâneur e como um escritor, ao cristalizar em texto as suas impressões, as mais desconexas, dissonantes possíveis. É a vida moderna na grande cidade que causa o desvario do poeta? Ou ele apenas reflete o desvairismo (nome de escola literária criada - e encerrada! - no Prefácio Interessantíssimo) da grande Pauliceia? O crítico Lafetá acredita num movimento duplo, de mútua influência, “A vida moderna desvaira o poeta, e este transfere seu desvairismo para a vida moderna.” (LAFETÁ, 2004:360)

Com a vida desvairada o poeta vive em êxtases e comoções, transtornado e enlevado pelas pluralidades de sensações e vaidades, sendo comovido e agredido, “São Paulo! Comoção de minha vida...” e “Bofetadas líricas no Trianon” (Inspiração, 1974: 32), e ainda “Horríveis as cidades! / Vaidades e mais vaidades... / nada de asas! Nada de poesia! Nada de alegria! / Oh! Os tumultuários das ausências! / Pauliceia – a grande boca de mil dentes; [...]” (Os Cortejos, 1974: 33). Poemas onde a voz do poeta canta sobre o lírico disforme onde não há lirismo – pelo menos do modo como os arcadistas, parnasianos e simbolistas imaginavam o lirismo – mas uma colcha de retalhos de ruídos, agressões, crimes, engarrafamentos, nada propícia ao tom poético de louvação.

Se não há louvação, há uma inovação nas descrições, no modo de criação, com riqueza de vocábulos, com o registro da fala coloquial, com o uso de estrangeirismos, de expressões idiomáticas, de onomatopeias, de imagens surreais, cubistas, entrelaçadas, entrecortadas, carregadas de subjetivismo que reveste a objetividade do ser urbano, “Entre estas duas ondas plúmbeas de casas plúmbeas, / as minhas delícias das asfixias da alma!” (Rua de São Bento, 1974: 34) e “Desciam, inteligentes, de mãos dadas, / entre o trepidar dos taxis vascolejantes, / a rua marechal Deodoro...” (O Rebanho, 1974: 35)

A relação com outras cidades, a influência das cidades, das metrópoles, das megalópoles. Nova York, Chicago, Londres, Paris, Berlim, Roma, Madrid, Viena, grandes cidades do mundo civilizado que servem de exemplo e parâmetro. Sampa, a cidade da garoa, é uma espécie de Londres, cidade das névoas? “Minha Londres das neblinas finas!” (Paisagem nº 1, 1974: 37) Em que medida São Paulo refletia estas cidades cosmopolitas, em que medida representa um exemplo de civilização? Mas é um aspecto positivo ser da ‘civilização’? Afinal a civilização só é possível com repressão e coerção? Vejamos autores tais como Freud, Marcuse, Reich ou Foucault, que tematizam e repensam o quanto o ser humano moderno vive de vigilância e prisão, sempre em conformidade para manter a ‘coesão social’.

Passa um São Bobo, cantando, sob os plátanos,
um tralálá... A guarda-cívica! Prisão!
Necessidade a prisão
para que haja civilização?
Meu coração sente-se muito triste...
enquanto o cinzento das ruas arrepiadas
dialoga um lamento com o vento...

(Paisagem nº 1, 1974: 37-38)


O poeta percebe a efemeridade das tradições, a fragilidade das construções, a pressa moderna, a cidade que cresce e fenece, a sobreposição de camadas de obsoleto e de inovador, na mesma paisagem o novo e o antigo, o mundo de hoje e o do futuro, todos juntos, explicitando a passagem do tempo na cidade, em construir e destruir constante, a gerar saudades da cidade de outrora,

Alturas da Avenida. Bonde 3.
Asfaltos. Vastos, altos repuxos de poeira
sob o arlequinal do céu oiro-rosa-verde...
As sujidades implexas do urbanismo.
[…]

Mas... olhai, oh meus olhos saudosos dos ontens
esse espetáculo encantado da Avenida!
Revivei, oh gaúchos paulistas ancestremente!
e oh cavalos de  cólera sanguínea!

(O Domador, 1974: 41)

Pelo olhar do poeta passa a transfiguração da vida moderna, quando os elementos da paisagem de concreto e aço são descritos como semelhantes aos elementos da vida bucólica, ou da vida onírica, ou adquirem vida, em personificação, onde bondes podem sapatear, ou brilhar como fogos de artifício, em linguagem surrealista, “Gingam os bondes como um fogo de artifício, / sapateando nos trilhos, / cuspindo um orifício na treva cor de cal ...” (Nocturno, 1974: 44) Aqui, o poeta sabe que vive no meio a selva urbana, povoada de mamutes no trânsito, de trogloditas transeuntes, transfigurações numa floresta artificial de semáforos e prédios, de monumentos, localizados e demarcados, presentes num mapa, que qualquer um pode consultar. As referências externas ali estão, “Chove? / Sorri uma garoa cor de cinza, / muito triste, como um tristemente longo … / A casa Kosmos não tem impermeáveis em liquidação … / Mas neste largo do Arrouche / posso abrir o meu guarda-chuva paradoxal, / este lírico plátano de rendas mar ...” (Paisagem N. 3, 1974: 48)

Vivendo em cidades, viajando para cidades, o poeta não tematiza apenas a Pauliceia desvairada, mas recria a capital mineira no longo e multifacetado em Noturno de Belo Horizonte, escrito em 1924, durante a caravana modernista por Minas Gerais, e depois publicado em Clan do Jabotí, em 1927, onde BH também quer ser cidade grande, fazer parte da ‘civilização’, “Os mineiros secundam em coro: / -Em nome da civilisação! / Minas progride. / Também quer ter tambem capital moderníssima tambem... / Pórticos gregos do Instituo de Rádio / Onde jamais Empedocles entrará... / O Conselho Deliberativo é manuelino, / Salão sapiente de Manueis-da-hora... / Arcos românicos de São José / E a catedral que pretende ser gótica …” (1974:126)

            Tanto São Paulo quanto Belo Horizonte existem factualmente, mas ao serem transposta para o plano ficcional do texto, são cidades na memória, resgatadas como uma rede de lembranças, que o poeta bem percebe não coincidir com a cidade no plano objetivo, externo, “Estrelas árvores estrelas / E o silêncio fresco da noite deserta. / Belo Horizonte desapareceu / Transfigurada nas recordações.” (1974: 127)

            Cidades entre o tradicional e o modernista, São Paulo e Belo Horizonte trocam as vidas bucólicas pela produção industrial, vivem com restos de tradições, a calma dos místicos, mas aceleradas pelas linhas de produção, assustadas pelos apitos das fábricas, não mais o apito dos trens, “O trem passava apavorado. / Só parou muito longe na estação / Pra que os romeiros saudassem / Nosso Senhor da Boa-Viagem.” (p. 128) Uma cidade de lembranças convive com uma cidade de concreto, o poeta está entre ambas, pressionado entre o real e o ficcional, transfigurando os referenciais, além do plano físico, um plano imaginário, que o poeta acha deveras performático, 'arlequinal', “Afinal Belo Horizonte é uma tolice como as outras. / São Paulo não é a única cidade arlequinal. / E há vida há gente, nosso povo tostado. / O secretário da Agricultura é novo! / Fábricas de calçados / Escola de Minas no palácio dos Governadores.” (p. 131)

            Infelizmente, a cidade ao crescer perde as referências, troca as árvores pelo asfalto, pelas calçadas de cimento, assim sofrendo com o calor e a chuva torrencial, com as tragédias aumentadas pela vida árida dos grandes centros urbanos. Assim fica emblemática a paisagem urbana da Afonso Pena antes repleta de árvores (fícus e palmeiras, segundo o memoralista Pedro Nava) mas agora reduzida ao 'rio de aço do tráfego' (do poema de Carlos Drummond de Andrade) que arrasa o resto de lirismo  possível, somente a sobrar a loucura do poeta, “O bloco fantasiado de histórias mineiras / Move-se na avenida de seis renques de árvores... / O Sol explode em fogaréus … / O dia é frio sem nuvens, de brilhos vidrilhos …. / Não é dia! Não tem Sol explodindo no céu! / É o delírio noturno de Belo Horizonte … / Não nos esqueçamos da cor local: / Itacolomi … Diário de Minas … Bonde do Calafate … / E o silencio … sio … sio … Quirirí....” (p. 136)

            Para concluir, relembramos o quanto o poeta modernista, como temos o exemplo do poeta e literato paulista Mário de Andrade, estudioso de contos indígenas e de vanguardas europeias, se sente tensionado entre as tradições e as inovações urbanas, industriais, e culturais das novas gerações, pois há uma significativa perda do ontem e ainda falta uma sedimentação do hoje e do amanhã. Neste limbo somente sobram as lembranças e as expectativas, entre o passado e o futuro, enquanto o presente somente pode ser representado pelas palavras, pelos desvarios do poeta que reflete os desvarios da sociedade urbana pós-industrial, na qual vivemos e sobrevivemos.


By Leonardo de Magalhaens / Fale-UFMG









Referências


ANDRADE, Mário de. Poesias completas. 4ª ed. São Paulo, Martins, 1974.

BENJAMIN,  Walter. O Flâneur. In: _________. Baudelaire, um lírico no auge do capitalismo – Obras escolhidas v. III. São Paulo: Brasiliense, 1994.

LAFETÁ, João Luiz. A dimensão da noite e outros ensaios. Org. Antonio Arnoni Prado. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2004. (Coleção Espírito Crítico)

LIMA, Luiz Costa. Lira e antilira (Mário, Drummond, Cabral). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.




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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

WALK - DON'T WALK - Rafael Rocha Daud





RAFAEL ROCHA DAUD



[São Paulo, SP, 1979-]



WALK – DON'T WALK


Cale-se o monólogo interno! Palavras venham a mim
ajudar-me contra essa loucura.

Sou realmente capaz de determinação?
Que bobagens, esta luta não existe: -

sinto uma morte tão grande em mim
Ela não deveria ser vazia e inexorável;
completamente indulgente?
Mas ao contrário Esta morte é física
sinto-a presente, pesada
                            mas não consequente

Chego próximo ao meio-fio, levo
                       comigo meu tedioso monólogo
olham-me em volta com apreensão, como se eu fosse
                                me precipitar fora da vida -
pressentem logo a injustiça e o egoísmo, Na verdade,
                                                 me desprezam

e abandonam o dever de assistir este suicida
e enquanto pensam em como estão distantes
                                             da minha condição
-e não chegam a perceber meu apego pela vida-
não podem por certo ver o quanto estou conectado
                                                          a eles
          E como vivo intensamente, Estou bem vivo
(- Ana !...)
          Estou tão VIVO, e ainda assim

          Mas tenho estado presente, de corpo e espírito
(- Ana !...)
       Tenho sido tranquilo e pacientemente
       E impetuoso, quando convém
       E sempre atento nem os detalhes me escapam
O passado vive dentro de mim e não me prende,
                                            nem o futuro
Ouço tudo o que dizem e o mundo se transforma
                                      em sons que escuto
como as vozes e os choros e os cantos dos corações
                                     de toda gente de todo lugar
Mais os sons que nunca dizem nada, que no entanto
                           dizem muito quando os escuto
(- Ana !...)
        Quando caminho o chão não me sente
                  Porque sou livre e é como se eu voasse
E não me sinto inadequado onde eu esteja
[mesmo que saiba que muitos não se sentem próprios
(- Ana !...)
        quando vão a certos lugares,
        que vez ou outra sentem-se fora de seu próprio tempo
        sentindo nosso mundo mudar
        estamos ressentidos, por que sabemos que
        quanto mais as coisas mudam, mais elas nos cansam
                    O passado é cada vez mais insofactual
                    Uma era homogênea, como Eterna
                    E não suportamos que o Tempo seja um
                                                                      Imperador]

(- Ana !...)


Sinto-me intensamente vivo
                   e mesmo assim é como se eu tivesse abandonado
                                                                     muita coisa
Tenho em mim essa certeza
                         de um dia ter pertencido a algum lugar
E eu nasci, e não é isso abandonar algo,
                                          exatamente como a morte?

No íntimo há uma culpa
Sem ser o Pecado nem o ter nascido
                                       No mais íntimo e ínfimo e
imbricado, como se não fôra dentro nem fora mais
                                                               si mesmo
Essa culpa está ali alojada
                Como uma bala férrica na minha espinha dorsal
E eu não posso tirá-la pois mataria no mesmo instante
Bala coração! Bala pulmão!
                              não me adianta acusá-la de nada
acusar essa culpa em mim culpada de tudo e sua
                                              própria causa
Eu não queria sentir vergonha por ela: se eu apenas
                                              pudesse ser tolo
                                                                     (- Ana !...)
                      Quem é Ana? Ah, estão lhe chamando,
é a mais bela menina no outro lado da rua
Ela estivera me olhando por instantes
mas não cheguei a sorrir-lhe
(embora eu bem o quisesse) Isto bem parece uma confissão,
como se eu entregasse o sorriso
que antes neguei Mas não existia essa pretensão
Alguma coisa
                  é que me escondeu esse riso, até magoar
                                                                      meus olhos
Bela e inalcançável, quem és tu, Ana?
Mas não saberei, nem também o que terias sido
                                        se eu tivesse me pronunciado
se vivêssemos num mundo regido pelo querer onde
                     uma vontade poderosa pudesse rodar o globo
ao contrário, acelerar o tempo é criar aviões do nada
                            eu não poderia levantar uma palha sequer

Sou interpelado por aquele monólogo frio, ele
me quer impiedoso

Neste momento sinto uma languidez mórbida
(é como chamo esse querer estar imóvel e livrar-me
                                                        de meus olhos)
mas não tão silencioso assim: NÃO POSSO MAIS USAR
                                            ESTES OLHOS MACULADOS
Sinto uma inspiração mística sinto um ato litúrgico
                                                   surgindo em mim
Tudo o que vejo é fake perante essa dor
Por isto recuso-me a jamais abrir os olhos novamente.




fonte: CULT 29 / dezembro 1999






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