vitrines
Preso
à minha classe e a algumas roupas,
vou
de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias, espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me?
Melancolias, mercadorias, espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me?
'A
Flor e a Náusea' [Carlos Drummond de Andrade]
pelas
ruas corações jovens mergulhados em dúvidas
anseios
solitários despertos na névoa
fissuras
em suas almas inquietas
sentindo
as lágrimas fluirem em miséria comum
vivendo
em círculos o cidadão sonãmbulo
aprende
e passa adiante a repressão
em
mil padrões já enraizados
as
mesmas mentiras e vendidas farsas
a
surgirem como novíssima verdade
rangendo
os dentes, ruminando as mesmas aflições
faces
orvalhadas pela cruel insônia
deformadas
por íntimo tormento
ilusões
jogadas no cassino das ambições
contemplamos
as vitrines iluminadas
o
brilho de fina seda boquitas rubras
velhas
promessas ordns murmuradas
esquecemos
o peso da desigualdade
sedamos
a temida amargura da queda
pelas
ruas passeiam sólidas mágoas recolhidas
vidas
sem sentido encaram a realidade
crianças
sem lar regurgitam o fel
num
piscar de olhos o punhalar da boca faminta
aceitando
a servidão sob sorrisos
velhos
clamores que compreendemos
manipulando
os egos sensíveis
afastando
qualquer dúvida e senso
degustar
preconceitos de berço à cova
brisas
metálicas redemoinham o lixo das praças
desvelam
as imagens da corrupção
por
trás dos sorrisos dos cartazes
um
inocente cidadão ressona com sangue nas mãos.
versão:
30nov16
leonardo
de magalhaens
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