VINICIUS
LIMA
jornalista,
ensaísta, tradutor e poeta
Londrina / Paraná
"sou
um vagabundo sujo de fuligem e pés alados
sou
uma tempestade perdida dentro de um missal"
o
menino percorre a floresta de sonhos
os
carvalhos choram suas seivas
e
o menino atravessa a noite
com
os olhos minando besouros
sombras
iluminam a ponte oxidada
madeira
negra suspensa no ar
sob
o rio prateado
as
águas lambem as mãos
queimam
e se renovam
enquanto
cavalos bebem o torrão de luz
que
de dentro do menino brota
...
eu
não semeio os cavalos
nem
sangro a erra com fé ou ferro
aqui
tudo brota do sonho da libélula
o
vento das árvores sopra meus olhos
suave
seiva que escorre entre os dedos
e
penteia os cabelos
comecei
a escutar o idioma das plantas
que
atravessa meu fõlego
e
lambe minha língua:
"a
vida nasce e morre dentro do olho rochoso"
e
o perfume do musgo me atravessa
...
erguer
um muro entre o que existo e o que invento
pra
depois demolir
imaginação
é um cão caçando o próprio vulto
os
espectros de luz dançam na parede
e
dentro de minha cicatriz
os
mortos desviam-me o olhar pois estremeço
como
folha ou denso arbusto no
outono
azul
com
as mãos pra trás cruzadas nas costas
a
sombra esconde seus tentáculos
expande
limites até os grãos invisíveis do ar
colhidos
pela língua
torrão
energético dormente no núcleo animal
em
Animais Floridos / Anome, 2016
mais
em
http://www.mallarmargens.com/2013/05/6-poemas-de-vinicius-lima.html
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