segunda-feira, 21 de novembro de 2016

3 poemas de VINICIUS LIMA em Animais Floridos







VINICIUS LIMA




jornalista, ensaísta, tradutor e poeta


Londrina / Paraná




          "sou um vagabundo sujo de fuligem e pés alados
          sou uma tempestade perdida dentro de um missal"





o menino percorre a floresta de sonhos
os carvalhos choram suas seivas
e o menino atravessa a noite
com os olhos minando besouros
sombras iluminam a ponte oxidada
madeira negra suspensa no ar
sob o rio prateado
as águas lambem as mãos
queimam e se renovam
enquanto cavalos bebem o torrão de luz
que de dentro do menino brota



...







eu não semeio os cavalos
nem sangro a erra com fé ou ferro
aqui tudo brota do sonho da libélula
o vento das árvores sopra meus olhos
suave seiva que escorre entre os dedos
e penteia os cabelos
comecei a escutar o idioma das plantas
que atravessa meu fõlego
e lambe minha língua:
"a vida nasce e morre dentro do olho rochoso"
e o perfume do musgo me atravessa






...





erguer um muro entre o que existo e o que invento
                                              pra depois demolir
imaginação é um cão caçando o próprio vulto
os espectros de luz dançam na parede
                                           e dentro de minha cicatriz
os mortos desviam-me o olhar pois estremeço
                                        como folha ou denso arbusto no
outono azul
com as mãos pra trás cruzadas nas costas
                                         a sombra esconde seus tentáculos
expande limites até os grãos invisíveis do ar
                                                     colhidos pela língua
torrão energético dormente no núcleo animal





em Animais Floridos / Anome, 2016






mais em http://www.mallarmargens.com/2013/05/6-poemas-de-vinicius-lima.html



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