Reynaldo
Valinho Alvarez
LORCA
& WHITMAN A LAS CINCO
EN
PUNTO DE LA TARDE
cantarei
cantarás amores nunca vividos
os
amores vividos estão temporariamente em recesso
a
amada espera pacientemente o momento de novos enlaces
o
tédio está recolhido em minha mão
canto
hosanas ao Senhor e estou cansado
meu
olho esquerdo pisca sem parar
todos
me perguntam que é isso que me perturba
estou
farto de que me perguntem que é isso e deixo passar
não
tomarei remédios não entrarei na tua biritarei por bibocas
olharei
de longe as biroscas das favelas
meu
olho complicado desvendará problemas insolúveis
sherlockarei
casos mil sob o cobertor
beberei
chá a las cinco em punto de la tarde
e
haverá sangre de toros y matadores na infusão de artemísia
lorquearei
poemas sorumbáticos em tardes de tédio no escritório
enquanto
o rei da voz ou a casa garson berrarão elis na loja embaixo
arrastando
o arrastão do sucesso da moda
pontualmente
às dezoito horas as prostituas começarão o trottoir
chisnandes
pedirá pastéis com chope
guáxinton
e eu ainda declamaremos um lorca de araque com
vozes
de neruda
walt
whitman deixará de ser whitman na geleia geral por trás da
gaiola
de ouro
enquanto
o amarelinho começará a receber a fauna das noites longas
o
gerente efedapê estará a caminho do jardim bo(s)tânico
para
curtir quatrocentidades com sua doce anamaria
in:
O sol nas estranhas / 1979
in:
A Faca pelo Fio / poemas reunidos / 1999
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