Entrevista Pão e Poesia
com o filósofo Rodrigo Starling
autor do livro “2050 – Voluntariado e Sustentabilidade”
março 2012, em Belo Horizonte / MG
temas: Terceiro Setor – Voluntariado – Ecologia
Parte 2
RS: Exatamente. Nada de filantropia, mas autonomia. Mas uma questão muito forte de 'solidariedade', no sentido primeiro lá de Auguste Comte, Solidariedade como propensão a Estar junto para cooperar. Mas cooperar com que? Então eu ouso falar que é cooperar com o espaço social, com a sociedade como um todo. Isto inclui cidadãos ativos que exercem direitos e deveres, não só pessoas que queiram cobrar do Estado, ou xingar o Estado , mas que queiram participar ativamente das decisões, nas questões.
Então o trabalho nesta Ong foi muito bom. Comecei como secretário em 2006, em 2007 eu assumi o cargo de Diretor de Desenvolvimento Institucional. Em 2008 conseguimos formar uma rede muito forte, chamada Rede Mineira do Voluntariado Transformador, era uma rede que já nasceu forte, pois nasceu dentro do COEP, que foi fundado pelo sociólogo Herbert de Souza, em 1993, e o VIDES, esta Ong na qual eu participava já era integrante do COEP. E ali estavam o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, parceiros da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Furnas Centrais Elétricas, ou seja, empresas fortes que tinham condição de puxar o movimento.
Puxamos a Rede Mineira, e conseguimos emplacar, escrever uma política pública, chamada Política Estadual de Fomento ao Voluntariado Transformador, e em tempo recorde, esta é a nossa alegria, ela foi sancionada pelo então Governador [de MG] Aécio Neves. O tempo da formulação até a aprovação não durou mais que três meses, o que é motivo de orgulho, pois sabemos que as leis costumam demorar muito mais, as votações, as pautas, entram e saem do congresso por interesses outros, políticos.
E a nossa lei foi um furacão, foi avassaladora, passou em todas a comissões, rapidamente, foi aprovada em 08 de janeiro de 2010, esta Política Estadual de Fomento ao Voluntariado Transformador. E o voluntariado transformador, com esta qualificação, não tinha ainda nenhuma conceituação. Nós jogamos isso na internet, inglês e português, não tinha nenhum termo, nós criamos então este termo, do voluntariado transformador, como falei anteriormente, ele se diferencia do voluntariado comum, do assistencialismo, e emplacamos esta lei.
LdeM: Como você chegou a gênese deste novo livro, do '2050', como desta prática você fez um link para 'vou escrever um livro sobre' ?
RS: Então o grande link foi o seguinte: depois da lei aprovada, e tudo o mais, nós percebemos que para as coisas funcionarem precisamos de uma vontade política e uma vontade cidadã. A vontade política é aquela também ligada a cidadania, mas muito mais ao jogo de interesse, onde a questão financeira, empresarial entra forte, pesada; e as questões cidadãs são o envolvimento de pessoas, cidadãos comuns, mas que queiram pressionar estes organismos, sejam eles empresas ou governo. Ou seja, a sociedade civil organizada. Então as Ongs aparecem na minha vida, de novo, de uma forma forte e expressiva.
A ideia de escrever o livro “2050 Voluntariado e Sustentabilidade” surge do seguinte: tanto a palavra voluntariado, no Brasil, quanto sustentabilidade são muito mais ditas do que compreendidas. Elas viraram 'modismos'. O voluntariado sempre como uma 'coisa boa', as pessoas se envolvem nisso para salvarem suas almas, para prestarem contas à sociedade, estarem mais tranquilas com [suas] consciências. E não é isso. O real voluntariado transformador não é isso. E a sustentabilidade se tornou uma 'peça de marketing' muito perigosa, e ainda que algumas empresas façam realmente um bom trabalho, muitas outras não fazem. Então elas fazem marketing social, ambiental, travestido, como uma espécie de uma propaganda, mas não é ainda sustentabilidade.
Então por causa disso eu resolvi escrever um livro sobre os dois temas voluntariado e sustentabilidade. Pra quê? Para tentar contribuir a nível teórico, que depois se torna prático, como reflexão mais aprofundada que isso não é brincadeira. Tanto a ação solidária, o cidadão ativo que presta o seu voluntariado, quanto falar de sustentabilidade. Isso não pode ser uma coisa jogada ao léu.
Então optei por lançar o livro com este título “2050”. Por que? Porque o livro, lançado em 2011, ele tem no mínimo uns 38, 39 anos de existência. Ou seja, eu posso trabalhar com este tema, sem perder a validade, o livro está na estante, vai chamar a atenção até a data. Então a primeira coisa, eu tenho uma estratégia estética, para garantir mais leitores. Segundo: esta data foi escolhida, amparada por relatórios da ONU, mais especialmente do PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – que lançou um relatório dizendo que se até 2050 nós não mudarmos as nossas atitudes, nós temos grandes chances de não ter condições de vida boas aqui na Terra: comida suficiente, água, transporte, moradia / habitação...
Então eu estou usando um alicerce muito forte, que são relatórios de pesquisadores do mundo inteiro, de cientistas mais renomados do mundo para abalizar a minha obra. Por que? Porque não podemos ser ingênuos de achar que jovens escritores vamos ser lidos e levados à sério simplesmente por boas ideias, ainda que sejam realmente boas, que você tem. Então eu tive este cuidado, com bastante humildade, de olhar para o passado, aprender um pouco com a História, a História tem sempre ensina a quem quer aprender, aprender com que ela tem a dizer, com mentes que eu considero mais inteligentes do que eu, estes cientistas, sociólogos, filósofos, mas dando a minha pitadinha de conhecer a realidade do Brasil.
LdeM: Então com este conhecimento você trabalhando agora na prática com empresa de consultoria. Poderia falar para nós... Starling Consultoria ? Falar sobre a marca, onde a gente consegue contato... Saber mais como funciona na prática leis de incentivo, como trabalhar de forma ecologicamente correta, onde possa encontrar, no Facebook , tem também, a sua página, contatos, links para o pessoal saber mais na prática como é o voluntariado.
RS: Sem dúvida. Então só complementando esta questão do livro. Ainda na organização italiana, em 2010, eu pedi demissão, participei de outra organização IGETEC, onde estou até hoje, que é onde organizamos o I Forum Internacional e o II Forum Nacional do Voluntariado Transformador, evento este onde foi lançado o livro, e que contou com a chancela do Ministério das Relações Exteriores, de nível Federal, do Governo do Estado de Minas, da Prefeitura de Belo Horizonte e, a mais importante, da ONU, por meio da sua Secretaria de Desenvolvimento Sustentável. E esse apoio foi muito importante porque mostrou que nosso idealismo e as estratégicas que nós utilizamos para chegarmos não só ao VIDES mas ao evento, foram bem vistas.
E na organização anterior, o VIDES, onde pedimos demissão, eu cheguei à Presidência em 2009, fiquei um ano na Presidência, em 2010 eu pedi demissão, por um único motivo, não por uma questão pessoal, mas ideológica, nós percebemos que a organização preferia trabalhar num nível mais restrito, e nós optamos por trabalhar num nível mais amplo, de envolvermos atores, que chamamos de stakeholders , atores envolvidos em qualquer atividade, geralmente econômica, mas são governo, empresa e sociedade civil, que precisa se concatenar.
Então resolvi, depois disso, me desligar do IGETEC formalmente, no sentido da carteira assinada, mas continuo sendo prestador de serviços, e montamos aqui a Starling Consultores Associados para trabalhar esta interface de questões culturais, sociais, ambientais e econômicas para o desenvolvimento da sociedade. O que fazemos? O que a Starling Consultores faz? Nós fazemos a elaboração e implantação de projetos em qualquer uma destas áreas. Trabalhamos num aspecto, que considero uma lacuna a nível de Brasil, que é a captação de recursos. Em qualquer lugar, onde esteja, em qualquer área, no setor econômico, social, ambiental, ou cultural, você precisa de recursos para realizar seus empreendimentos. Então fazemos isso, atuamos na captação de recursos. E ajudamos a formar mentes que sejam agudas, críticas e criativas na sociedade em que estamos. Aqui estamos para isso. E o fato de termos montado a empresa é para ter libertar para negociar em vários âmbitos, de transitar com tranquilidade, em nosso empreendimento.
Inclusive aproveito para convidar vocês que estão nos assistindo: parcerias! A parceria é a alma do negócio! Parcerias movem o mundo. E o tema central do livro “2050 – Voluntariado e Sustentabilidade” é resgatar a solidariedade como necessidade de comunhão com este grande universo, esta grande estrutura, que é a natureza, e as pessoas que aqui habitam: nós! Se você pensar bem, até o tecido da nossa pele é formado de uma solidariedade, de uma união espontânea de células... e assim é na natureza, e porque o homem quer fazer diferente, criar uma coisa própria, como disse Francis Bacon, torturar a natureza pra que ela lhe conte todos os segredos... não! Precisamos ser inteligentes o bastante para fazer um novo contrato natural com a natureza, essa é uma ideia de Michel Serres, filósofo francês, que eu trabalho fortemente no livro. Nós precisamos de ter um contato natural acima do 'Contrato Social' de Rousseau, já proclamado, de bem-estar aqui nesta terra a Starling Consultores, a nossa empresa, vem para isso, para boas parcerias entre os homens e com impacte positivamente na sociedade e no planeta, e aqui estamos...
LdeM: Quais os contatos mais rápidos, mais hotline? A página no facebook...
RS: Parceiros venham participar... Antes gostaria de dizer que os parceiros são todos – empresas, governo, sociedade organizada, cidadãos, e principalmente os mais críticos, e aqueles que geralmente as pessoas não gostam de ouvir, pois dizem a verdade, venham participar conosco. Os contatos são: telefone fixo 3658 2634, celular 9805 9905, no facebook : starling consultores associados. Estamos aí … até 2050. ! Buenas tardes!
LdeM: Até 2050. Agradecemos aqui a entrevista com o Rodrigo Starling, poeta, filósofo, pensador, produtor de eventos, e agora trabalhando com voluntariado, numa empresa de consultoria. Aqui mais uma entrevista com o Pão e Poesia, uma criação do poeta Diovani Mendonça. E até a próxima entrevista no Youtube.
RS: Arriverdeci.
transcrição by LdeM
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