+ 4 sonetos by LdeM
Sonetos
Soneto da Potência cósmica
Cosmos, eis a Dádiva da Potência
Em volteios mil -- de engrenagem --
De Estrelas em fulgurante moagem
Diante do assombro das Ciências.
Forjar infindo: Fluxos se sucedem,
Brotando em Nébulas os novos Astros
De pó etéreo deixando rastros --
As Esferas em órbitas se medem;
Em rochosos Globos Vida semeiam:
No ar agitam-se viçosos enxames,
Nos bicos pólen colhem de estames
Sobre águas procelosas volteiam --
De lagos, os mares plenos de Vida
A uma constante Busca convida.
Mar 03
LdeM
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Soneto para a Conquista de Si mesmo
Ocupe o teu íntimo território!
Em conquistas viver na adversidade
Acima dos prazeres ilusórios
Construindo teu ser e realidade.
Que seja tua morada tua coragem
Para o sobreviver já compulsório,
Merecendo, em vida, a homenagem
Que sobreviva ao fenecer inglório.
Dos porcos as pérolas afastadas,
Para os Eleitos as canções entoadas,
Em paz com a tormenta interior,
Onde o Audaz já transpassa os pesadelos
E olhares frios não podem vencê-lo
Quando a si mesmo é superior.
Nov 04
LdeM
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Soneto para o Expresso noturno
Arrastando os vagões dentro da noite
Vem a locomotiva dentre a bruma,
A névoa liquefeita tal espuma,
Onde um clamor golpeia tal açoite.
Neblina, manto espesso após a chuva
Distorcendo os faróis tão apressados,
Nas ruas os semblantes estressados,
Enquanto até o comboio se turva.
A sirene, o apitar tão clamoroso
Rasga aflito um denso néon brumoso
Na palidez dos arbustos cobertos;
Assustando tais trêmulos passantes
(Que aqui calados se perderam antes)
Quando alguém se joga de braços abertos.
Abr 05
LdeM
...
Soneto do Ato final
Para onde seguem os pobres atores
Depois que a encenação aqui findou?
Para onde silenciam os oradores
Depois que a conferência terminou?
Para onde vão os cruéis promotores
Depois que este tribunal já fechou?
Para onde agora vão os remadores
Depois que o navio da vida afundou?
Para onde vai afinal todo o drama
Quando já se esvazia sem ensaios?
Para onde a açucarada e velha trama
Quando é finda a cena do desmaio?
Para onde vão os sonhos ao despertar
Depois que à vida a morte apagar?
Dez 04
LdeM
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