quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Balada dos venenos / Ballade of poisons - by Allen Ginsberg





Allen Ginsberg


Balada dos venenos

Com o óleo que listra as ruas em mágica coloração,
Com a fuligem que cai sobre a vegetação da cidade.
Com o enxofre no porão & o cheiro do escuro carvão
Com a poluição que avermelha as suburbanas colinas do poente
Com a Sucata que deixa negros & brancos com a vontade doente
Com as bolhas de plástico que só imensas eras dissolverão
Com os novos plutônios que só dissiparão
A febre dos venenos após tempo milenar,
Com os pesticidas que cercam e giram Cadeias de alimentação
Possa sua alma ter pouso, possam seus olhos chorar.


Com os feros hormônios no frango & no ovo aveludado
Com o pânico da tinta vermelha na carne do hambúrguer
Com as drogas velhas, nitrato no porco fatiado
Com o cereal açucarado crianças aos berros de morrer,
Com  aditivo Químico que causa Câncer
Com a bexiga e a boca no seu salame,
Com o Estrôncio Noventa nos leites de Mami,
Com as vozes mais sensuais cerveja nas orelhas despejar
Com os Copos de Nicotina até que você vomite
Possa sua alma ter pouco, possam seus olhos chorar.


Com o forno de microondas televisão
Com o Cádmio a reinar nas fruteiras árvores
Com o Centro de Comércio em noturna ejaculação
Com a praia de Coney Island numa babugem de Fezes
Enquanto Baleias azuis cantam nos mais raros mares
Com mundos Amazônicos e peixe na imensidão
Lavado em Rockefellers de ensebada Poção
Com terrores atômicos o oleoso labor alimentar
Com a CIA manchando do Mundo a emoção
Possa sua alma ter pouso, possam seus olhos chorar.



                    Envoi
Presidente, da barata do ódio a devoção,
Povo envenenado com radioativa loção,
Do ódio sem alma energia biônica se aveadar
Possa seu mundo ter limpa emoção,
A alma encontrar pouso, olhos de muito chorar.





trad. Afonso Henriques Neto (in Fogo Alto / Azougue / 2009)




Ballade of poisons

With oil that streaks streets a magic color,
With soot that falls on city vegetables
With basement sulfurs & coal black odor
With smog that purples suburbs’ sunset hills
With Junk that feebles black & white men’s wills
With plastic bubbles aeons will dissolve
With new plutoniums that only resolve
Their poison heat in quarter million years,
With pesticides that round food Chains revolve
May your soul make home, may your eyes weep tears.

With freak hormones in chicken & soft egg
With panic red dye in cow meat burger
With mummy med’cines, nitrate in sliced pig
With sugar’d cereal kids scream for murder,
With Chemic additives that cause Cancer
With bladder and mouth in your salami,
With Strontium Ninety in milks of Mommy,
With sex voices that spill beer thru your ears
With Cups of Nicotine till you vomit
May your soul make home, may your eyes weep tears.

With microwave toaster television
With Cadmium lead in leaves of fruit trees
With Trade Center’s nocturnal emission
With Coney Island’s shore plopped with Faeces
While blue Whales sing in high infrequent seas
With Amazon worlds with fish in ocean
Washed in Rockefellers greasy Potion
With oily toil fueled with atomic fears
With CIA tainting World emotion
May your soul make home, may your eyes weep tears.


          Envoi

President, ’spite cockroach devotion,
Folk poisoned with radioactive lotion,
Spite soulless bionic energy queers
May your world move to healthy emotion,
Make your soul at home, let your eyes weep tears.


January 12, 1978

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