Poema
vassoura
varrendo
a sujeira do mundo
para
debaixo do tapete
sem
máscaras nem adornos
sem
rumos ou delongas
varrendo
para o assoalho
da
mídia televisiva
com
clássicos comprado
enquanto
os pobres morrem
vítimas
de desvios & dívidas
enquanto
barcos afundam
cheios
de vidas à deriva
varrendo
a sujeira
escondendo
do horário nobre
onde
só mascarados
exibem
o glamour
fake
de
novidades enlatadas
enquanto
famílias se perdem
jogadas
em vagões
caídas
nos trilhos
afundadas
nas ondas
varrendo
a sujeira
do
jornal diário
até
que foto bombástica
atira
na face pálida
o
sufoco do refugiado
o
soco da morte fria
o
sopro da fatalidade
anunciada
& repetida
atira
no rosto burguês
a
sujeira inoportuna
de
ver o outro nas ondas
sem
teto sem assento
sem
eira nem beira
sem
outra face
além
da própria morte
estampada
nas manchetes
nos
horários da novela
das
oito das nove
do
seriado estrangeiro
no
intervalo do
show
no
fim do folhetim
imagem
outrora varrida
outrora
escondida
mas
agora onipresente
enquanto
os hipócritas
hoje
ocultam a vassoura.
05set15
LdeM
nota:
o poema 'vassoura'
é fruto de escrita automática,
sem
revisão, daí a recorrência de lugares-comuns
[varrendo
pra debaixo do tapete; foto bombástica;
face
pálida; morte fria; sem eira nem beira;
intervalo
do show...]
quando escrevemos o que vem à mente.
Se
eu fosse revisar, obviamente, mudaria sete palavras
do
poema.
Mas
o método é ser espontâneo, sem autocensura,
sem
planejamento prévio... usa-se um mote e
deixamos
solta a improvisação...
LdeM
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