terça-feira, 8 de setembro de 2015

vassoura - poema by LdeM


 










Poema 



 



vassoura


varrendo a sujeira do mundo
para debaixo do tapete
sem máscaras nem adornos
sem rumos ou delongas
varrendo para o assoalho
da mídia televisiva
com clássicos comprado
enquanto os pobres morrem
vítimas de desvios & dívidas
enquanto barcos afundam
cheios de vidas à deriva
varrendo a sujeira
escondendo do horário nobre
onde só mascarados
exibem o glamour fake
de novidades enlatadas
enquanto famílias se perdem
jogadas em vagões
caídas nos trilhos
afundadas nas ondas
varrendo a sujeira
do jornal diário
até que foto bombástica
atira na face pálida
o sufoco do refugiado
o soco da morte fria
o sopro da fatalidade
anunciada & repetida
atira no rosto burguês
a sujeira inoportuna
de ver o outro nas ondas
sem teto sem assento
sem eira nem beira
sem outra face
além da própria morte
estampada nas manchetes
nos horários da novela
das oito das nove
do seriado estrangeiro
no intervalo do show
no fim do folhetim
imagem outrora varrida
outrora escondida
mas agora onipresente
enquanto os hipócritas
hoje ocultam a vassoura.



05set15



LdeM



nota: o poema 'vassoura' é fruto de escrita automática,
sem revisão, daí a recorrência de lugares-comuns
[varrendo pra debaixo do tapete; foto bombástica;
face pálida; morte fria; sem eira nem beira;
intervalo do show...] quando escrevemos o que vem à mente.

Se eu fosse revisar, obviamente, mudaria sete palavras
do poema.

Mas o método é ser espontâneo, sem autocensura,
sem planejamento prévio... usa-se um mote e
deixamos solta a improvisação...

LdeM




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