terça-feira, 28 de abril de 2015

Tenham pressa! (um antipoema)






Tenham pressa!
(um antipoema)

I


É preciso ter a maior pressa!
Tropecem nas escadas
Engulam as marmitas
Acelerem as máquinas
Transbordem os lotações
Turbinem os autos
Entupam as pistas
Lotem os trens urbanos!


É preciso correr sempre!
Comprem mais inúteis
Aproveitem as promoções
Colecionem os bônus
Acumulem os enlatados
Sigam as modas
Vivam os prazeres
Detonem o crédito!


É preciso consumir tudo!
Conquistem os pódios
Colecionem as medalhas
Asfaltem as trilhas
Pavimentem os bosques
Construam arranha-céus
Comam os agrotóxicos
Poluam terra & água!



II

Vamos nutrir a pressa!
Engolir em garfadas
Digerir em segundos
Acumular em lixões
Despejar em privadas
Afundar em dejetos
Descartar em grotões!

Vamos poluir as águas!
Cimentar os córregos
Escalar os monturos
Entupir os mananciais
Rechear os bueiros
Transbordar os esgotos
Aterrar os pantanais!


Vamos poluir os ares!
Queimar em caçambas
Ofegar em fuligens
Aquecer sem medida
Regurgitar em miasmas
Perfurar o ozônio
Vamos destruir a Vida!




25/26abr15


Leonardo de Magalhaens



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