quarta-feira, 19 de setembro de 2012

¡Azotadme! Açoitai-me! - Oliverio Girondo



Oliverio Girondo (ARG)

Açoitai-me!

Aqui estou,
Açoitai-me!
Mereço que me açoitem.
Não lambi os escolhos,
a sombra das vacas,
as espinhas,
a chuva;
com fervor,
durante anos;
descalço,
estremecido,
absorto,
iluminado.
Não me prostrei no barro,
diante do mistério intacto
do pólen,
da cama,
do verme,
do pasto;
por timidez,
por medo,
por pudor,
por cansaço.
Não adorei os presépios,
as janelas feridas,
os olhos dos burros,
as macieiras,
a aurora;
sem restrição,
de joelhos,
entregue,
desnudo,
com os poros eretos,
com os braços ao vento,
delirante,
sombrio;
em comunhão de espanto,
de humildade,
de ignorância,
como se houvesse desejado...
como se houvesse desejado!


Trad. LdeM


Oliverio Girondo


¡Azotadme!

Aquí estoy,
¡Azotadme!
Merezco que me azoten.
No lamí la rompiente,
la sombra de las vacas,
las espinas,
la lluvia;
con fervor,
durante años;
descalzo,
estremecido,
absorto,
iluminado.
No me postré ante el barro,
ante el misterio intacto
del polen,
de la cama,
del gusano,
del pasto;
por timidez,
por miedo,
por pudor,
por cansancio.
No adoré los pesebres,
las ventanas heridas,
los ojos de los burros,
los manzanos,
el alba;
sin restricción,
de hinojos,
entregado,
desnudo,
con los poros erectos,
con los brazos al viento,
delirante,
sombrío;
en comunión de espanto,
de humildad,
de ignorancia,
como hubiera deseado...
¡como hubiera deseado!


(en el libro "Persuasión de los días")







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