LEONARDO
ARAÚJO
CANTO
DE ENTRADA
Não
lavro palavras em vão.
O
verbo que cresce no peito
é
sol ganhando o corpo,
pássaro
arranhando as entranhas.
Não
deito este gesto em vão.
O
punho que desenha o poema
é
lâmina rasgando o silêncio,
ave
em estado de canto e dor.
Evoco
palavras que cortam
ao
feitio de foice
e
perfilam os calos da mão.
Palavras
sombrias,
mas
sempre decifráveis
como
frutos e estações.
Palavras
de esperança
que
em meu peito arquivo
como
queira guarda um vendaval.
...
SERMÃO
DOS POEMAS FORAGIDOS DO PEITO
Os
poemas foragidos do peito
discursam
por vossas mãos,
soluçam
por vossa alma
confinada
no paraíso das avenidas,
suspiram
por vossa saudade
nas
cartas de amor extraviadas
pela
via láctea dos correios.
Os
poemas foragidos do peito
se
encontram além das paralelas
em
que vosso corpo penetra,
desenhando
a geometria do encontro,
ou
no pulsar dos pequenos objetos
que
habitam vosso mundo.
Os
poemas foragidos do peito
alvorecem
em cada travessia
vossos
passos adormecidos
e
avançam pelas paredes de vossa morada
qual
plantas sobreviventes do caos.
in
Aprendiz de Alquimia [1984]
mais
em http://www.leonardoaraujo.net/poemas_no_tapa.php
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