Sobre
os poemas de Adilson Alchuiy [Santo André/SP]
divulgados
no facebook
do autor [em 2014/2015]
Uma
Poética antenada com o Mundo
“para que encontremos nosso
desequilíbrio
oportuno na quietude dos
tesouros em livros
de poesia...” (Acorde
de Verão)
A poética de Adilson Alchuiy
é marcada pela variedade. Várias camadas de significação e
ressignificação. É possível ler numa direção, e também em
outras. Podemos acessar vários níveis de referências, além dos
jogos com a linguagem. Há todo um ludismo em fazer o[a] leitor[a]
entrar no jogo de releituras, paródias, pastiches. Temos uma
dissolução de referencial & surreal em doses quase diárias.
Encontramos múltiplas
imagens surrealistas, intertextualidade, referências à cultura pop
(músicas, bandas, pop-stars,
filmes, diretores, artistas plásticos, etc), às personagens das
fantasias, dos contos de fadas, ou das mitologias, ou terras mágicas,
ou paraísos de evasão (Terra de Oz, Terra do Nunca, Pasárgada,
etc), ou ruas de São Paulo (Augusta, Largo do Arouche, etc) tudo num
emaranhado de possíveis leituras, que desafia quem ousa ler.
Engendrada no seio cultura
pop sua
poesia carrega referências múltiplas aos ídolos da música,
principalmente rock,
brasileiros e internacionais. O mais destacado é Bob Dylan, voz do
rock'n'roll
ou
do
folk rock
desde os anos de 1960, nos Estados Unidos, grande influenciado pela
Beat
Generation,
também referencial nos poemas. Encontramos Joe Cocker, Hendrix,
Janis Joplin, vozes de Woodstock
(festival de 1969), além de Chuck Berry, Jim Morrison, David Bowie,
John Lennon, Patti Smith, Zappa, e as bandas The
Beatles, Grateful Dead, T. Rex, Grad Funk Railroad, Ramones,
etc.
Estão presentes os cantores
nacionais Cazuza, Renato Russo, Jorge Mautner, a banda Os
Mutantes.
Além do rock
temos as referências ao blues
de B.B. King, ao jazz
de Miles Davis e Coltrane, à música erudita (ou clássica) barroca
de Bach e Mozart, ou romântica de Beethoven. Ou à ópera Aída
(1871) de Verdi (compositor italiano) ou ao blues-jazz-soul
de Ray Charles, etc
Referências aos poetas
românticos, místicos, sejam clássicos ou malditos, ou modernos,
tais como Dante, Shakespeare, Goethe; Lord Byron e Edgar Poe; William
Blake e Yeats; Baudelaire, Rimbaud, Lautréamont, Piva, Bukowski;
mais Rilke, Breton, E. E. Cummings, Sylvia Plath, Marianne Moore, Ana
C., Hilda Hilst, etc
Artistas plásticos não
faltam, pois são citados o italiano renascentista Leonardo da Vinci
(famoso por sua Gioconda,
ou Mona
Lisa), os
holandeses Rembrandt e Van Gogh, o francês Monet, os modernistas
Dalí e Picasso, além de Frida Kahlo, Andy Warhol, etc
O cinema aparece com seus
diretores, sejam os clássicos Chaplin, Fellini e Goddard, seja o
inovador Kubrick. Não faltam os pensadores e cientistas, tais como
Freud, Lacan, Einstein, que deixaram suas marcas na cultura, além de
suas áreas de atuação.
Contudo o mais icônico na
poesia de Alchuiy é o poeta Roberto Piva, leitor de Whitman, Pessoa
e dos modernistas, influenciado pela estética surrealista e pela
geração Beat
na metrópole paulista. Através de Piva chegamos aos poetas Beats,
os “fantasmas beats
nas esquinas”, seja nas galerias, na caronas, em Larimer Street ou
no México, as figuras de Neil Cassidy (“beat insano Neil”), Jack
Kerouac (“meu herói Jack”), Allen Ginsberg, Burroughs, Gregory
Corso, juntos ao pai da psicodelia lisérgica, Mr. Timothy Leary.
Com o diálogo com a poética
de Piva, cultivador da estética de André Breton, guru francês, há
um desabrochar de imagens surrealistas, que pontuam os poemas com
devaneios, exageros, oxímoros, antinomias, absurdos, mixagens
oníricas, que conseguem encantar e causar arrepios, quando mais belo
por menos compreensível,
“o sol à deriva afoga o
horizonte” ; “chuva de salivas amargas & pérfidas”; “com
o silêncio das sombras dancei” (Por
el camino
[12.12.14])
“hoje no baile de sombras /
o deserto absorve todos os sóis” (Sempre
nunca
[19.12.14])
“silêncio da boca mordida
por beijos roubados”; “um sorriso de vento por debaixo
da pele
enfurecida!” (Presente
[14.1.15])
“teu vestido de vento”;
“dançar na luz desequilibrada” ; “tuas pernas de leito seco
com rijas paisagens talhadas” (Ninguém
ou um nome impróprio à todas
combinações
[07.1.15])
“cuspir luas na estrada sem
fim do gozo”; “deitar nas enseadas do sonho /
dividindo o voo ao
nadar no sangue dos sóis / desenterrados do silêncio.” (Irmã
do
Abismo
[28.1.15])
“talvez este amanhecer em
Rimbauds desgraçados / escrevendo o último poema
sem a perna /
enterrada com vermes atravessando o osso / com o sol sob a terra
batida!” (Sem
a tamanha importância
[03.2.15])
“canal de fontes sinuosas
até erigirem chamarizes no cérebro ...” (Existência
[04.2.15])
“caminho de solidão nas
noites com seu ritmo mecânico … / enquanto
soberbamente exponha
teu silêncio de exílios / nas beiras dos abismos frenéticos
...”
(Amor Sublime
[11.2.15])
“esbarrei nesta beira com o
sol gotejando / em sombras amorfas” (Convulsão
[24.2.15])
Lembramos que as
características da estética surrealista são bem marcadas, com a
exploração do mundo onírico, com a valorização do delírio sobre
a observação, a busca da superação da escrita padronizada, com o
desejo de deixar fluir o inconsciente, num jorro de palavras, de modo
automático (daí dizer automatismo), não apenas pelo
irracionalismo, mas a integração de consciente e inconsciente, num
ser humano íntegro, sem separações nem departamentalizações,
pois somos únicos e unos.
“eu tento renovar o fluxo
sanguinário / das ruínas... / me esforçando em impedir o
vento /
nos cabelos das estátuas...” (Tocaia
[25.3.15])
“depois que você partiu /
comecei condicionar a mortadela / na creolina […]
comentar música
clássica com as baratas” (Reclusão
Butolínica
[02.4.15])
“a depressão contaminada
das ruas / roubando das sombras / a riqueza da lua
sem bolsos”
(Assalto a
Sonhos Armados
[08.4.15])
“névoas enganadoras em
palavras de poemas mortos” e “pescando em ilhas
peixes luminosos”
e “perto da fiação elétrica de sonhos quintescendo infâncias”
(Cotidiano em
si
[10.4.15])
“ventre de relógios com a
ferrugem / nas engrenagens mortas … / sobreviventes
pletóricos na
vida / consumida por vícios nos sonhos / de partidas...”
(Verdadeiro
Triângulo das Bermudas
[16.4.15])
“tentei
elucidar o caos acorrentado / nos tornozelos artificiais do
paraíso... /
só para ver os rastros nos desertos / a ilusão
cansada em abrir caminhos.../
o
mar regurgitar poentes esquecidos / nas enseadas dos sonhos”
(Casillero
del
Diablo Devil's
[24.5.15])
“O vórtice incerto dos
delírios / espirais
luminosas feitas por asas / no abismo /
a solidão empalidece as
noites / fluem desorganizadas em pesadelos /
minha fuga desperta
as lâminas” (Divino
Comédia
[26.5.15])
“âncoras
no fundo de rios escravizados / por enchentes no rosto surpreso das
pedras / afogadas pelas almas das raízes” (Bárbaros
ou quase
[02.6.15])
Percebemos um sensacionalismo
– em turbilhões de sensações ou alucinações, ao estilo
sensacionista de Walt Whitman (“eu
contenho multidões”)
ou de Álvaro de Campos [Fernando Pessoa] (“sentir
tudo de todas as maneiras”)
- que vem carregar o[a] leitor[a] num drama sem fim de figuras que se
encaixam, lembrança que atrai lembrança, poema que lembra filme,
música que reativa memória, nas várias camadas que podemos
acessar.
Também nos excessos de
reticências há algo de Simbolismo, de inconclusão, um não saber
dizer, um deixar em suspenso, a ideia em aberto... temas também
presentes no simbolismo, tais como a lua, o luar, os espectros, o
jogo de luz e sombra, os rituais, busca do místico – aqui não o
transcendental, mas o incompreensível, o inalcançado (visto ser
inalcançável).
“labirinto de sensações
palpitantes que fazem gemer / a alma num nevoeiro
noturno” (Anjos
em Père Lachaise
[25.2.15])
“olhando as dimensões
lúdicas da lua na abertura / comum das janelas...”
(idem)
“noites nos becos com orgias
refletidas / nas luas vomitadas...” (Anabel
[18.2.15])
“num dia de espelhos com
montanhas / nas janelas” (Acordes
[ ] )
“vigília da noite cheia de
espectros que dançarão / sob a lua os rituais perversos
da solidão
/ encantada da morte” (Fuga
à Libertação
[26.2.15])
“devoradores
da noite & todos os subterfúgios / rituais lentos com todos os
sacrifícios / tatuados na pele... / sangue das flores no pomar dos
delírios”
(Beatsurrealistas
[21.5.15])
“o
sol rasgou as cortinas / a lua proporciona sensações vampiras /
sugando o
macio dos travesseiros & almofadas / jugulares
perfuradas pelo tempo” (Solidão
Decorativa
[07.4.15])
Em sinestesias golpeia o
antipoema “Avanço
o desodorante multimídia”
[13.4.15] com suas imagens antilíricas, de sujeiras, imundícies,
odores nauseabundos,
como um conto de Lispector /
por mais asqueroso que seja /devemos sentir aquela
nódoa das baratas
/ amassadas? / aquele ranço apodrecido de uma ratazana
em referências a obras de
Clarice Lispector, com a barata esmagada em Paixão
segundo G.H.
(1964) e o rato morto em Perdoando
Deus (conto
em Felicidade
Clandestina,
1971), quando há o anti-lírico com a presença do asqueroso, no que
se aproxima dos indigestos Cantos
de Maldoror,
de Lautréamont, pré-surrealista
uruguaio-francês, onde o sujeito poético está coberto de podridão,
devorado por insetos, sentindo nojo de si mesmo.
Para o poeta o sensacionismo
está ligado ao exercício da imaginação. Sim, pois a imaginação
deve ser exercitada, com os mergulhos no imaginário, com o cultivo
de devaneios, com o plantio de bizarrices, que tudo converge para um
não-sentido do existir, posto que ter certezas sobre o aqui-agora é
aceitar convencionalismo, é o 'universalizar-se
no senso comum'
que denunciava Roberto Piva. O poeta está consciente, em meio aos
delírios, a ponto de conceber um Convite
para a Imaginação
[20.5.15])
eu
evoco as pulsações
que eu sentia na escuridão de um sorriso
nas noites de badernas no coração perdido
dos vícios & aventuras
palpitação que se alastra da periferia
para os subúrbios burgueses
com encontros marcados com meninas
virgens que hoje dançariam na boca
das garrafas & vomitariam no assoalho
de porches ou outros conversíveis de marca!
eu chamo os vagabundos mediúnicos
tenebrosos que detonam qualquer superfície
dos planetas...
alimentados pelo vírus da loucura
a doença pecaminosa de um desastre iminente
por furacões nas veias armadas
de tudo que for contagioso para sobrarem
apenas ratos & baratas...
eu conclamo os exaustos das estradas
que bebem o elixir da lua sinistra
como um combustível interminável
rumo às estrelas...
que eu sentia na escuridão de um sorriso
nas noites de badernas no coração perdido
dos vícios & aventuras
palpitação que se alastra da periferia
para os subúrbios burgueses
com encontros marcados com meninas
virgens que hoje dançariam na boca
das garrafas & vomitariam no assoalho
de porches ou outros conversíveis de marca!
eu chamo os vagabundos mediúnicos
tenebrosos que detonam qualquer superfície
dos planetas...
alimentados pelo vírus da loucura
a doença pecaminosa de um desastre iminente
por furacões nas veias armadas
de tudo que for contagioso para sobrarem
apenas ratos & baratas...
eu conclamo os exaustos das estradas
que bebem o elixir da lua sinistra
como um combustível interminável
rumo às estrelas...
Em seu exercitar da
imaginação, encontramos o Eu nos poemas, uma marca de tom pessoal,
o poeta, que exercita seu olhar
metalinguístico
– quem escreve? por que escreve? o que ganha ao escrever? - sobre a
Escrita e seus precursores, quem influenciou, quem desafiou a
superar, desde Dante, a passar por Shakespeare, até os simbolistas,
os modernistas, os surrealistas e os poetas Beat,
eu
pertenço tanto ao que escrevo / que esqueço em transformar isso
em poemas... / Artaud, Breton, Rimbaud
tento encarnar esta fauna sem a pretensão / em ser alguma coisa
em poemas... / Artaud, Breton, Rimbaud
tento encarnar esta fauna sem a pretensão / em ser alguma coisa
(Não
me importa
[29.5.15])
“eu
desenho & escrevo poemas / num lençol” (Branco
Amor
[29.5.15])
“eu
simulo o inferno / Dante nunca imaginou as torturas / no meu fogo!”
(Divino
Comédia
[26.5.15])
“eu
componho aparências / experimento as manifestações interativas /
além das
janelas” (Avanço
o Desodorante Multimídia
[13.4.15])
As marcas do surrealismo não
estão distantes das referências à
cultura pop,
antes tudo está enredado, entrelaçado, sem separação em gavetas,
sem limites entre fotos e canções, livros e filmes, soundtracks
e pinturas, pois tudo é sentido em conjunto numa Gestalt
desvairada (ao melhor estilo Mário de Andrade) onde tudo é a
somatória de tudo, aleatoriamente, por saltos em links
que nos escapam,
“um leque de Frida para
descabelar os bigodes / de Dalí que daqui pra lá desenhava nos
sonhos / um rinoceronte belga com cauda de um pavão / no museu
colorido de nossa imensa tristeza...” (Rusgas
de Trinidad
[28.3.15])
assim faziam os
Beatsurrealistas
[21.5.15], aqueles poetas do surrealismo tardio que vertiam a poética
do teatro do absurdo em plena Beat
generation,
com o fim do pesadelo da Segunda Grande Guerra, sim, aqueles
anunciadores
das apoteoses da percepção
inesgotável fluxo das sensações no
universo
por virtudes salvadoras ANTES...
[...]
a
arte minoritária da poesia em Piva
em Rimbauds ressuscitados na praça
sentados no banco dos réus julgados
por pecados em existirem
DEPOIS...
em Rimbauds ressuscitados na praça
sentados no banco dos réus julgados
por pecados em existirem
DEPOIS...
A fusão de poema e música
está mais que evidente em mais referências ao músico Bob Dylan,
leitor dos poetas Beats,
autor de Like
a Rolling Stone,
música de 1965, recuperada no poema As
Pedras continuam rolando
[16.5.15],
vertigem
na rouquidão de Dylan / estradas férreas onde a maquinaria
espirra fumaça no céu cinza / uma balada pode mudar sua vida
um poema transformar a poeira em vários/ fantasmas...
espirra fumaça no céu cinza / uma balada pode mudar sua vida
um poema transformar a poeira em vários/ fantasmas...
e
trovador
no pátio aberto do mundo / servindo ao coração pulsante das
aventuras... /
bufão, andarilho, qualquer coisa que seja/ de
passagem ou às pressas...
Os poetas Beats
estão em todos os lugares nesta poesia de lembrança e recuperação,
estão sempre entre as imagens surrealistas e as referências ao
mundo da cultura
pop, com
seus meandros de contracultura e assimilação, libertação e
consumismo, onde não é possível dizer onde acaba isto e começa
aquilo, tudo é entregue à um olhar dado ao imaginário, que se
nutre de todas as sensações, não diferencia, não cataloga, apenas
rememora, tem visões,
“alguns beats
cumprindo o eco dos fantasmas / nas galerias vazias” (Decorei Esta
[19.2.15])
[Galeria? Pode ser um link
para a Six Gallery em San Francisco com a leitura de
Howl
(Uivo) por Ginsberg em 1955]
“li Rimbaud ri das aventuras
beats
nas estradas … museus nas botas!”
(Convulsão
[24.2.15])
“o vagabundo Jack sorri para
fantasmas” (Meu
Herói Jack
[1.4.15])
No poema Passarela
da Moda Beat
[10.4.15]) é mostrada a contracultura
antes, que hoje é parte da cultura, visto ser é comum o uso de
jeans surrado, ou rasgado, a jaqueta rústica, as minissaias... A
moda saiu do gueto e direto para as vitrines de grifes, com “jeans
desfiados cheirando guilhotinas / parisienses ou flores do gueto... “
que não mais agridem, mas fazem parte da paisagem fuliginosa das
grandes cidades.
Em seu Convite
para a Imaginação
encontramos os “vagabundos mediúnicos”, ou, como dizia Jack
Kerouac, os Dharma
Bums, ou
andarilhos iluminados, seres evocados e invocados, advindos de outro
mundo, a saber, o passado sempre rememorado,
eu
conclamo os exaustos das estradas / que bebem o elixir da lua
sinistra / como
um combustível interminável / rumo às estrelas...
Evocados, pois os poetas
Beats
fazem parte de um passado que lembramos com saudosismo, do tipo, por
que não vivi na época dos Beats?,
numa outra era de contestação, de busca de superação, de outra
cultura que não a suicida civilização ocidental criadora do
genocídio e da bomba atômica. No mais, importava libertar-se!
Materialmente, espiritualmente, sexualmente! O poeta vê hoje com
amarga ironia: “a devassidão beat
te assusta?” (Fome
Ruiva
[25.5.15])
Mas não é devassidão, pois
sexo é libertação, não se trata de pecado, mas de comunhão,
basta uma leitura do psicanalista judeu austro-húngaro naturalizado
norte-americano Wilhelm Reich (1897-1957), a lembrar que a história
da sexualidade é um testemunho da repressão (assim as abordagens do
francês Michel Foucault (1926-1984) e do alemão Herbert Marcuse
(1898-1979))
A poética de Alchuiy é de
um surrealismo tardio, via Piva, o leitor voraz, para quem é
impossível a vida sem poesia. Piva, sim, é um Beatsurrealista,
como bem defende Claudio Willer, poeta, crítico e tradutor, amigo do
nosso xamã. É uma poesia em diálogo, aqui com a poética de
Roberto Piva, assim como Piva dialogava com as figuras poéticas de
Mário de Andrade, Jorge de Lima, Lautréamont, Whitman, Lorca,
Rimbaud, Ginsberg, Neruda, Artaud, etc em Barro,
Carvão & Cinzas
[10.4.15]
eu vi os demônios de Gomorra
/ Roberto Piva / porque ontem eu atravessei o
inferno / inventado
pelos paraísos artificiais / dos suplicantes por milagres nas
esquinas...
lembra os 'paraísos
artificiais' de Baudelaire após uma travessia do inferno, a
la Rimbaud,
e lembra a poeta 'marginal' Ana Cristina César, dona de uma poética
intimista, confessional, sentimental, mas também irônica.
vivo nos cometas do êxtase
caindo no deserto / das mentes sãs que caçam /
borboletas orbitais
na boca mineral / de Ana Cristina César & ossadas geladas /
misturadas ao mel do céu gótico evocando uma santa
Encontramos uma poética que
tem densidade, tanto referencial quanto surreal, em constante
diálogo, atenta ao mundo ao redor, sempre a emitir opiniões, tecer
considerações, em digressões, coerente numa estética que se quer
automática, sem preocupação com a forma, antes deixa verter um
conteúdo a transbordar do inconsciente, de uma mente já
demasiadamente repleta de cultura
pop, de mil
livros lidos, de mil filmes vislumbrados, mil propagandas de TV, mil
músicas ouvidas, mil pratos degustados. É deste caldeirão de
vivências & experimentações que advém a força da poesia
torrencial, quase diária, de Adilson Alchuiy, um herdeiro do
Beatsurrealismo.
jun/jul/15
by
Leonardo de Magalhaens
(Leonardo Magalhães Silva)
Fale UFMG
Adilson em seu "exercício da imaginação" instiga o mesmo do leitor.
ResponderExcluirAqui de Santa Catarina em Itajaí, me inspiro muito neste Boêmio maldito das palavras malditas e bem escritas.
Sou fã das escritas desse louco!