fonte
da imagem: http://revistaumconto.wordpress.com/tag/alexandre-faria/
EDIMILSON
DE ALMEIDA PEREIRA
Juiz
de Fora/ MG
SIGNOS
Endereço
nos cabelos leva a mais do que leio
onde
estão dançando em ritmos vermelhos.
Dançam
tatuagens alheias a seu desenho.
As
siglas dos mistérios fecham sem correntes
um
corpo que intenso se move na inércia.
E
sobre outro corpo – maestro por urgência -
dança
como se antes vencesse o desespero.
Dentro
da música o pente a silhueta a hora
em
que a última fera sabe o sigilo dos velhos.
Os
ritmos que entendo pelo ruído dos dentes
são
outros são estes atentos como espelhos.
Aquela
que me dança na mais perfeita esfera
luta
com seus nervos e as cartas que escreve.
O
blues me atravessa uma rajada de espíritos
as
ilusões viram seta navegando pelos discos.
O
céu se dobra em ruas as flores nos oceanos.
A
dança que se espera dura se não dançamos.
…
ZEOSÓRIO
Para
bateria e colher de pedreiro o mesmo
braço,
ritmos diferentes. Nas duas o empenho
para
se esquecer os andaimes: casa e melodia
são
mais ou menos um giro pelos dentes.
Não
há que mordê-las nem tirar suas luvas.
Quando
muito, se puder estendê-las na tarde.
Assento
um piso como um músico tocando
improviso:
sei as curvas que evito e aquelas
a
que me abandono. Uma prima pede o favor,
evêm
as chuvas – que lhe conserte o telhado.
A
cunhada, que levante um muro na horta.
A
outro parente, por saúde, não cobro nada.
Mas
aos de fora, dado que fazem meu salário,
arrecado
na medida de um espetáculo.
Afino
martelos para não estragar os pregos:
metais
são a cozinha da banda, se a sua chama
falha,
que fiasco. No mês vencido, sem
dinheiro,
acertei de consertar serviço alheio.
É
a urla mudar o ritmo de quem esperou moradia
e
viu o tempo perdido. Se alguém errou a vez
da
batida, nem prumo nem balanço: só avaria.
Mais
fácil dançar na lama de sapato branco.
Com
bateria e colher de pedreiro um homem
faz
seus meios e a si mesmo como puder.
Fonte:
Antologia Comentada da poesia brasileira do século 21.
Manuel
da Costa Pinto (org) São Paulo: Publifolha, 2006
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