BRAULIO
TAVARES
(Campina
Grande, PB, 1950)
O
caso dos dez negrinhos
(ROMANCE
POLICIAL BRASILEIRO)
Dez
negrinhos numa cela
e
um deles não mais se move.
Fugiram
de manhã cedo,
Nove
negrinhos fugindo
e
um deles, o mais afoito,
dançou: cruzou com uma bala…
dançou: cruzou com uma bala…
Correram
oito.
Oito
negrinhos trabalham
de
revólver e canivete;
roupa cáqui vem chegando,
roupa cáqui vem chegando,
fugiram
sete.
Sete
negrinhos passando
pela
rua de vocês;
alguém chamou a polícia,
alguém chamou a polícia,
correrem
seis.
Seis
negrinhos dão o balanço:
bolsa,
anel, relógio, brinco…
Houve um erro na partilha,
Houve um erro na partilha,
sobraram
cinco.
Cinco
negrinhos de olho
na
saída do teatro.
Um vacilou, deu bobeira…
Um vacilou, deu bobeira…
Correram
quatro.
Quatro
negrinhos trombando,
todos
quatro de uma vez.
Um deles a gente agarra,
Um deles a gente agarra,
mas
fogem três.
Três
negrinhos que batalham
feijão,
farinha e arroz.
Um se deu mal: a comida
Um se deu mal: a comida
dava
pra dois.
Dois
negrinhos se embebedam
de
brahma, cachaça e rum.
Discussão, briga, navalha…
Discussão, briga, navalha…
e
fica um.
E
um negrinho vem surgindo
no meio da multidão.
Por trás desse derradeiro…
vem um milhão.
no meio da multidão.
Por trás desse derradeiro…
vem um milhão.
In:
O homem artificial / 1999
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