sexta-feira, 24 de março de 2017

O ATOR, SEGUNDO CAMUS - poema by Iacyr Anderson







IACYR ANDERSON FREITAS



O ATOR, SEGUNDO CAMUS


tudo o que edifico
deverá ruir em breve.
vede: estou úmido ainda de nascer, nasci agora.


a vida a que me dou
se exerce em duas horas.
não tenho tempo para o que me transcende.
o perecível me toma em seus braços,
o perecível me sonda, me invade.

vede: não posso crer em nada
que não seja aparência e erro.
não posso crer no que não se dá à vista.


tudo o que sei
é apenas tempo, tempo e fuga.
e não há sentido onde o tempo falha.


queimei o que me excede.
queimei os rostos que em mim buscavam
um passado. Queimei os nomes que me chamavam.
estou livre
para esse conhecimento que é apenas corpo.


para essa eternidade que me faz nascer e morrer
mil vezes
em duas horas.










mais em http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/brasil/iacyr_freitas.html


http://www.portaldepoesia.com/Biblioteca/IacyrAndersonFreitas_Poemas.htm



http://www.germinaliteratura.com.br/2010/pcruzadas_iacyrandersonfreitas_set10.htm



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