a
cidade
A
cidade adoeceu em densos tons de cinza
a
cidade enferma na estridência de ruídos
A
cidade adoeceu, aí estão os olhares perdidos
braços
e pernas a enfrentarem o trânsito
Buzinas
ávidas dilacerando o dia-a-dia
novas
trombetas ensurdecem o ar fétido
A
cidade enferma de gravatas apertadas
de
ocultadas tensões em sorrisos de atenção
sufocadas
se longe de suas mesas digitais
sem
suas cúpulas de ar-condicionado
Cabeças
erguidas para vencerem na vida
seguir
adiante mesmo se é pouco o fôlego
correr
e contorcer e esquecer o dia
como
servos fiéis de um ansiado futuro
guiam
os passos céleres velhos temores
um
susto súbito - o brado áspero
rasga
a tarde sufocante esta voz de angústia
rompe
o alarido a implorar por piedade
Cegos
no êxtase da luz transbordante
olhos
vermelhos nos lampejos de mercúrio
faróis
alucinados no anoitecer de neón
pupilas
irritadas no jogo multicor dos sinais
A
cidade enferma de árvores mutiladas
meio
aos retorcidos ramos de arame
galhos
sintéticos ncimam caules de concreto
sutil
leveza envidraçada de mil reflexos
A
cidade enferma em sua mortalha de asfalto
onde
canteiros exibem raízes pavimentadas
folhas
sobrevivem enegrecidos de fuligem
ao
lento envenenar dos mil combustores
os
monstros de lata com seus relinchos
seguem
lotados de corpos amontoados
semblantes
fatigados ruminam sonhos adiados
na
cidade adoecida de agitação suicida.
abr02
leonardo
de magalhaens
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