Desabafo
em
forma de poema
Estamos
afogados em símbolos,
sepultos
sob uma maré de códigos,
hoje
regurgitando os velhos discursos.
Todas
as possibilidades de criar
mofadas
como livros velhos.
Toda
originalidade negociada
na
Bolsa de Valores,
enquanto
artistas reproduzem
a
técnica da repetição.
Lembrando
a velha vanguarda
petrificada
em monumentos pinchados
que
ilustram os panfletos dos novos eventos.
Políticas
públicas de incentivo
destinadas
ao mercado de fanzines
com
a caricatura do senhor Prefeito.
Nas
festas o banquete de sangue juvenil
servido
nos copos descartáveis
com
o rótulo da coca-cola.
Sentados
no Mcdonalds,
vestindo
a jaqueta da moda,
discutindo
táticas anarquistas.
Saindo
da livraria do shopping
com
mais um dicionário
para
termos herméticos
e
metafísicas senis.
Comprando
mais pílulas
contra
a galopante insônia
de
preencher protocolos.
Lendo
no jornal a agenda cultural
enquanto
preparamos
o
café sem cafeína.
Seguimos
decorando um poema
de
estrofes disformes
e
assonâncias vazias.
Vomitando
asperezas contra a lua.
20mar2005
by
Leonardo de Magalhaes & Leonardo Vieira Rodrigues
com fotos de Wesley Duke Lee in Paranoia / 1963 / by Piva
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