segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Sonetos. Dom Casmurro. Macunaíma. Vidas Secas. Grande Sertão: veredas. LdeM

 




Soneto 



Dom Casmurro 


Crônica de ciúmes d'um casmurro 

Que se apaixonou ainda moço 

Pela bela mocinha Capitu, 

Vizinha de causar tanto alvoroço.


Capitu, de olhos dissimulados, 

Musa de paixão a casamento, 

Só transtornou a vida de Bentinho, 

Não lhe deu sossego um só momento.


O homem, se via, sofria rabugento, 

Não confia mesmo no melhor amigo, 

Sempre era obsessivo o seu pensamento.


Escobar, o amigo, morre no mar!

Capitu pouco oculta o sentimento!

É o que basta para um ciumento!



Dez 24 



LdeM 












Soneto 




Macunaíma 


Lá nosso herói nasceu no mato virgem, 

O Macunaíma, filho da terra, 

Ai! que preguiça! Ele logo berra 

E, calado, admirava a paisagem.


Lá o moço cochila na maloca, 

Na tribo, os irmãos brutos labutam, 

Pajelanças, outros curumins lutam, 

Belas cunhãs preparam tapioca.


Fez-se adulto, seduz a Mãe do Mato, 

Ganha um talismã, vence a Cobra-Grande, 

Perdeu o amuleto! A saga se expande: 


Até à cidade segue o ingrato, 

Enfrenta o gigante que come gente 

E sobrevive! êta! Que valente!



Dez 24 




LdeM 












Soneto 



Vidas Secas


Retirantes da terra de miséria, 

Fabiano, Sinhá Vitória, e filhos, 

Fogem da funesta fome no agreste, 

Buscam vida digna além da seca. 


Atravessam fazendas na caatinga, 

Tropeçam nesta terra ressequida, 

Cercados de posseiros e tenentes, 

Capangas e vaqueiros, rudes servos 


De poderosos senhores de feudos, 

Alheios às andanças dos miseráveis, 

Que vivem de penúria e lembranças, 


Em trapos, sem fala, sofre prisão:

Perde-se a família na cidade, 

Choram a morte da pobre Baleia.




Dez 24 



LdeM 




...











Soneto 




Grande Sertão: veredas 



Riobaldo, homem rude dos sertões 

Atravessa os agrestes e destino 

E desbrava as brutas imensidões 

Áridas do mineiro-nordestino 


Interior adentro sem porteira, 

Ousa transcender as poucas veredas, 

Perpassa povoados e fronteira, 

Cabra zeloso ao que a vida segreda.


Rústico, vê duelos e desmandos, 

Jagunços loucos, donzelas perdidas, 

Os bandos em tocaia se matando.


Sobrevive p'ra pensar suas feridas, 

Percorreu o sertão até o fim 

E sem conquistar a sua Diadorim.



Dez 24 



Leonardo de Magalhaens 



poeta, contista, crítico literário

Bacharel em Letras FALE / UFMG

BH MG




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