imagem: R. Magritte [fonte: internet]
6 Sonetos de outrora...
Soneto para o Desassossego n'Alma
E quem ousou ao proclamar Verdades
Num teatro de lamentos encenados
Num palco de sorrisos maquilados
Sob o golpear da Necessidade?
E quem ousou a criação doentia
Num leito de impurezas resguardado
Num abismo de horrores ansiado
Sob esta luz mortiça que angustia?
Ao atravessar os risos orquestrados
Na multidão de olhares tão perdidos
Quem tem a Paz realmente encontrado?
A flutuar no mar das Ilusões
Numa rede de gestos sem sentido
Quem encontra repouso sem aflições?
Out 24
(Versão original: Ago 05)
LdeM
...
Soneto do Artista do Ideal
Ferido em Asperezas cotidianas
A rastejar por entre os pedregulhos,
Insone após Melodias insanas
Somente pude guardar meu Orgulho.
Entristecido ante a hostilidade
A xingar ofensas ensandecidas,
Meio aos Pesadelos da cidade
Pois sofri cicatrizes e feridas.
A tropeçar nos desertos do Real
E perdido em busca das outras Musas,
Sempre fascinado ante um Ideal,
Afundado nas doutrinas difusas,
O ansioso escavador do Infinito,
Sou este outro Poeta entre os malditos.
Out 24
(Versão original: Out 05)
LdeM
...
Soneto da Realidade Ilusória
Formidável inchaço da Memória
A soterrar o espaço metafísico
No acúmulo de toda esta escória
De um atormentado espírito tisico!
.
Tal lamentável e medonha história
A transpassar o Pesadelo químico,
Até o túmulo tão contraditória,
A narrativa ácida de um cínico!
.
A propor perspectivas execráveis,
Em torvelinos mentais infindáveis,
Enreda a Realidade ilusória,
.
A deixar os olhares impassíveis
No trafegar contínuo de insensíveis
Nesta existência inerte e compulsória!
Out 24
(Primeira versão: nov 05)
LdeM
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imagem: R. Magritte [fonte: internet]
Soneto gótico na Noite de chuva
Miríades de gotas nas vidraças
rastejando silentes sem urgência
quando a chuva agasalha toda a praça
com gentil arrogância e sem ciência.
Gárgulas gorgorejam ameaças
vertendo de sangue a rubra aparência
quando os olhos divisam as desgraças
na doença crônica da Consciência.
Clamores já gotejam noutras calhas,
a prenderem lembranças em suas malhas
os ruídos úmidos das gotículas,
deslizam nos porões da mente falha,
adentram a frieza da mortalha,
enquanto a alma insiste em dores ridículas.
Out 24
(Primeira versão: dez 05)
LdeM
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imagem: Os Amantes [R. Magritte] [fonte: internet]
Soneto
Soneto da Dúvida Cruel
Tecendo teias em nossos corações
Na Angústia constante, sem repousar,
Em Inquietares de um Ansiar
Cruel em sólidas Solidões.
Insatisfeita de nosso Amar,
Na busca por real compreensão,
Vive, Noites em claro sem cessar,
O Desconforto e a profunda Aflição.
Entregue às cartas com Devaneios,
Sofre as Desilusões do mundo real,
Pedindo ajuda por todos os meios
Num Delírio que é quase fatal.
Suas perdas coleciona em seus versos,
A Dúvida cruel em triste universo.
Out 24
(Primeira versão: abr 06)
LdeM
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Soneto da Existência Malograda
Jogado na insustentabilidade
Da finita Existência malograda
Queimando fosfato com malfadadas
Questões da quimérica Eternidade.
Geme sob o fardo das Fatalidades
Da condição áspera e ingrata
Em indignidades a Náusea farta
Na prepotência da frágil Vontade.
Sofrendo impasses da vã Metafísica
Nas ponderações da tortura física,
Eleva hinos em formal Devoção;
Insiste em preces e grotesca Mímica:
Pobre refém das Leis da bioquímica
Que apodrece esperando a Redenção.
Out 24
(Primeira versão: abr 06)
LdeM
Leonardo de Magalhaens
poeta, contista, crítico literário
Bacharel em Letras FALE / UFMG
Canal Youtube Literatura Agora!
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